Os trabalhos da cimeira extraordinária do Conselho Europeu destinada a discutir as nomeações para os cargos de topo da União Europeia foi suspensa e será retomada esta terça-feira (2 de julho) às 11.00 de Bruxelas (10.00 de Lisboa)..A decisão do presidente do Conselho Donald Tusk foi anunciada pelo seu porta-voz Preben Aamann. "O presidente Tusk suspendeu a reunião e esta será retomada às 11:00 [de Bruxelas] de terça-feira" publicou na sua conta na rede social Twitter..O modelo de distribuição de cargos está a ser discutido desde domingo e as negociações entre os líderes europeus para a escolha dos cargos de topo da União já durava há 18 horas. O modelo que está em discussão garante a liderança do Socialista Frans Timmermans na Comissão Europeia, deixando livre a presidência do Conselho, para o Partido Popular Europeu, já com um nome atribuído. Seria para Kristalina Georgieva. A dúlgara é diretora do Banco Mundial e antiga comissária dos orçamentos, que deixou o executivo comunitário, em novembro de 2016, para concorrer à liderança das nações unidas, perdendo para o português António Guterres..Se se mantivesse esta distribuição, a Alta Representação da União Europeia para a Política Externa seria entregue ao liberal belga, e atual chefe do governo de gestão, Charles Michel, deixando a possibilidade da presidência do conselho europeu ser entregue, na quarta-feira, ao conservador alemão Manfred Weber..Margrethe Vestager, atual comissária da Concorrência, e spitzenkandidat pelos liberais, não é uma carta fora do baralho. Já foi proposta pelo governo dinamarquês para continuar como comissária e no próximo mandato ser-lhe-á entregue a vice-presidência, se esta chave de distribuição vingar na cimeira..Impasse.Ao fim de 16 horas, de intensas negociações, os líderes europeus suspenderam o encontro pois ainda não tinham conseguido chegar a um acordo. Os trabalhos já tinham sido suspensos às 23.00 (22.00 de Lisboa), para várias séries de rondas de negociação bilateral, mas sem resultados. O impasse manteve-se, apesar de haver um acordo praticamente fechado, quando os trabalhos se iniciaram, com atraso por volta das nove da noite, para serem suspensos hora e meia depois, quando se percebeu que Frans Timmermans também não reunia os apoios necessários..Numa primeira fase, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk reuniu-se com cada um dos presidentes e primeiros-ministros, tomando a iniciativa de apresentar nomes alternativos, aos que estavam em cima da mesa, desde que o processo do Spitzenkandidat foi lançado..Formalmente, três nomes continuam em cima da mesa. O conservador Manfred Weber, o socialista Frans Timmermans e a liberal Margrethe Vestager são o spitzenkandidaten - cabeças de lista - nas eleições europeias..Porém, no arranque dos trabalhos, havia um pré-acordo para que a liderança da Comissão Europeia fosse entregue ao socialista Frans Timmermans. Mas o plano fracassou, depois de os governos da família política de Angela Merkel, não darem respaldo à arquitetura, para distribuição das lideranças europeias, negociada pela chanceler, na cimeira de Osaka, no Japão. Ao início da madrugada tudo tinha voltado à escala zero.."Vamos ver se há acordo hoje", foi o alerta é o primeiro-ministro italiano, durante a madrugada. Giuseppe Conte esteve no atrium do conselho - que em dias de cimeira é transformado numa sala de imprensa. O chefe do governo de Roma esteve uns minutos a conversar informalmente com os jornalistas e deixou entender que pode não haver fumo branco ainda hoje..Seria uma situação delicada, que deixaria caminho aberto para que fosse o Parlamento Europeu a dar o pontapé de saída para a distribuição dos cargos de liderança institucional da União Europeia..A proposta avançada, com apoio dos governos da Polónia e de Itália, para quebrar o impasse, seria através do voto secreto dos 28 líderes, testando a nomeação de Frans Timmermans. Sucede que para a aprovação de um nome é preciso haver apoio de pelo menos 21 governos, que represente mais de 65% da população europeia. (O voto secreto impede o apuramento da população, sendo por isso inviável)..Processo.De acordo com o Tratado de Lisboa, o Conselho Europeu nomeará um presidente, baseando-se nos resultados das eleições europeias, depois de realizar as consultas adequadas..Estas consultas podem ser levadas a cabo pelo presidente do Conselho Europeu, o qual explorará as diferentes sensibilidades, entre governos e famílias políticas, procurando as bases para um consenso em torno de um potencial nomeado..O nome que for escolhido pelo Conselho, através de uma maioria qualificada, será apresentado ao Parlamento. Nesta instituição, os Eurodeputados podem confirmar ou rejeitar o nome proposto, através de um voto por maioria simples..Se for rejeitado, todo o processo de nomeação do presidente da Comissão Europeia recomeça..Expectativa.Ontem, o primeiro-ministro António Costa não escondeu o "otimismo", quando chegou a Bruxelas, considerando mesmo, que depois de várias semanas de discussões havia agora "boas condições", para a nomeação do holandês Frans Timmermans, para a presidência da Comissão Europeia..Porém, António Costa reconhecia que "nada estaria fechado, antes dos 28 falarem". Até mesmo o presidente francês admitia que pretendia colocar definitivamente, na discussão, o nome de Michel Barnier, mantendo o de Margrethe Vestager, Frans Timmermans, por serem aqueles cumprem o critério da "competência", coisa que nunca reconheceu a Manfred Weber, o conservador candidato pelo Partido Popular Europeu.