Nova dança de cadeiras na Europa
Animados pela aprovação do Tratado de Lisboa na Irlanda, no dia 2,
mas sem disfarçar a irritação com o Presidente checo, pela sua recusa em completar a ratificação do documento, os líderes europeus entraram em fase de conversas e jogadas de bastidores, numa luta pelos dois cargos que o novo texto vai criar quando e se entrar em vigor: o de presidente permanente da UE e o de Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da UE.
O antigo primeiro- -ministro trabalhista britânico Tony Blair foi o nome de que sempre se falou para a presidência fixa da UE, mas nas últimas semanas surgiram algumas vozes contra, como a dos líderes do Luxemburgo, Bélgica, Holanda e Áustria. Mas também algumas vozes a favor, como a dos líderes da Irlanda, Reino Unido e Itália. No entanto, segundo a imprensa europeia, a chanceler alemã, Angela Merkel, estará inclinada para apoiar outro candidato. E o Presidente da França, Nicolas Sarkozy, deixou subitamente de elogiar Blair em público.
Mas se a forma de eleição do presidente permanente da UE consta do tratado de Lisboa, no seu Artigo 9B, as condições para a mesma não estão nele inscritas. E essas passam por critérios como a nacionalidade, a geografia, o tamanho do país e a família política. Indiferente para esta discussão não é a eleição de Durão Barroso e Jerzy Buzek, ambos do Partido Popular Europeu, para a presidência da Comissão e do Parlamento Europeu, respectivamente. Um é do Sul da Europa, outro é do Leste. Assim, essas zonas, estarão, à partida, excluídas.
Mas enquanto o debate prossegue, aumenta também a pressão sobre o presidente checo. Vaclav Klaus ensaia aquilo a que Barroso chama de "obstáculos artificiais", numa exigência de última hora para garantir à República Checa a derrogação da Carta dos Direitos Fundamentais da UE. O líder checo já avisou que não pretende uma declaração explicativa, como a que foi oferecida à Irlanda. O assunto concentrará as atenções dos líderes dos 27 no Conselho Europeu de 29 e 30 - um encontro onde se previa que a UE indicasse os nomes dos detentores dos novos cargos.