Notre-Dame: como o fogo se espalhou, o que se sabe e o que falta saber

Já se sabe quando e onde começou, o que ficou destruído, o que se salvou. Resta saber o que esteve na origem do incêndio, o estado de algumas obras e quanto irá custar a reconstrução da catedral. Destruição total foi evitada "por meia hora", diz o secretário de Estado do interior francês.
Publicado a
Atualizado a

Em poucas horas, mais de 800 anos de história foram parcialmente consumidos pelas chamas. O mundo assistiu incrédulo ao violento incêndio que deflagrou na Catedral de Notre-Dame, na segunda-feira, e que devastou uma boa parte do monumento. Agora, sabe-se que a destruição total do edifício foi evitada por uma questão de "15 a 30 minutos", informou Laurent Nuñez, secretário de Estado do interior francês.

Citado pela BBC, Laurent Nuñez sublinhou a importância da rápida intervenção dos bombeiros, que evitou que os danos fossem ainda maiores, como se chegou a prever. Segundo o mesmo, estes "arriscaram as suas próprias vidas" para entrar no edifício e salvar as duas torres.

Tudo aponta para um incêndio acidental, adiantou, mas há uma equipa de 50 pessoas a investigar o caso.

Por esta altura, ainda não são conhecidas as causas exatas do incêndio, mas sabe-se que começou no sótão e espalhou-se rapidamente pelo telhado e pelo pináculo, que acabou por colapsar.

Segundo a CNN, por volta das 18.30, hora de Paris, começou a sair fumo do telhado da catedral, perto dos andaimes que tinham sido construídos nos últimos meses para realizar obras no pináculo.

Jean-Claude Gallet, comandante dos bombeiros de Paris, confirmou que o fogo começou no sótão da catedral.

Conhecida como "floresta", a estrutura em madeira de suporte à cobertura de Notre-Dame, terá contribuído para que as chamas se espalhassem rapidamente. Trata-se de uma estrutura de carvalhos, sendo que cada viga foi feita com uma árvore - num total de 1300. Tinha mais de 100 metros de comprimento, 13 de largura, na nave, 40 metros de cruzamentos [entre vigas] e 10 metros de altura.

Um espaço seco como o sótão, lembra a CNN, tende a acumular poeiras e resíduos, o que o torna ainda mais inflamável. Depois de tomar conta do sótão, o fogo espalhou-se pelo telhado e envolveu o pináculo, feito de madeira de carvalho e coberto de chumbo. E, em poucos minutos, a estrutura desmoronou-se, caindo para o lado.

Entretanto, vários especialistas explicaram que o telhado da catedral é feito de material inflamável e é de difícil acesso, o que complicou o combate às chamas.

O que sabemos sobre o incêndio

Quando começou: Rémy Heitz, procurador de Paris, diz que o primeiro alarme de incêndio foi acionado às 18.20 (hora local), mas, após uma primeira vistoria, nada foi detetado. Às 18.43 foi acionado um segundo alarme, tendo sido detetado fogo na chamada "floresta".

As vítimas: Segundo as autoridades, não há vítimas mortais, mas um bombeiro e dois polícias ficaram feridos na sequência do incêndio.

Quem combateu as chamas: cerca de 500 bombeiros foram enviados para a Île de la Cité, em Paris, para ajudar a combater as chamas, que foram dadas como totalmente extintas cerca de 12 horas após o início do incêndio.

O que ficou destruído: Cerca de uma hora depois das chamas terem deflagrado, o grande pináculo de Notre-Dame - La Fléche, ou a Flecha, em Português - desmoronou-se. O órgão, um dos tesouros da catedral e da música europeia estará "quase totalmente destruído". E também se perderam dois terços do telhado e o sótão.

O que se salvou: A coroa de espinhos, a túnica de S. Luís, o vitral norte, as estátuas dos apóstolos, as torres e os pórticos. Algum material valioso escapou, porque foi retirado recentemente para ser restaurado e limpo.

A ajuda disponível: Bernard Arnault, o dono do grupo de luxo LVMH e primeira fortuna de França, anunciou uma doação de 200 milhões de euros para ajudar à reconstrução da catedral, juntando-se assim à segunda maior fortuna do país, a de François Pinault, que na véspera anunciara uma doação de cem milhões. As doações já vão nos 600 milhões de euros.

O que não sabemos

A causa: Ainda não se sabe ao certo o que terá estado na origem do incêndio que deflagrou naquele que é um símbolo da arquitetura gótica do país.

Os danos: O estado em que se encontra parte da estrutura e de algumas obras ainda não é conhecido. É possível que as chamas tenham danificado ou destruído pinturas e esculturas do século XVII.

Os custos: Tal como muitas catedrais em França, Notre-Dame é propriedade do Estado, o que quer dizer que o governo será responsável pela sua reconstrução, mas ainda não se sabe que custos é que a mesma irá implicar. Emmanuel Macron prometeu reconstruir a Notre-Dame dentro de cinco anos.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt