Misericórdias não recebem da ARS/Norte desde Maio
Segundo Manuel Lemos, este atraso relativo aos meses de Junho, Julho e Agosto "põe em causa a sobrevivência" de 35 misericórdias que têm acordo com a tutela da saúde.
"O Estado está a pôr em risco metade das misericórdias da região Norte", afirmou Manuel Lemos.
Falando em Felgueiras à margem da inauguração da maior unidade de cuidados continuados do Norte do país, o presidente da UMP disse "não haver troika nem austeridade que justifiquem que acordos assumidos não sejam cumpridos".
"Não basta ter grande inteligência racional. É necessário que o Governo tenha também inteligência emocional e perceba que esta situação não se pode manter", afirmou à agência Lusa.
Lemos disse que as misericórdias afectadas estão muito preocupadas com a situação, esperando reunir-se com urgência com o ministro da Saúde para lhe dar conta do que se está a passar.
"Tenho a certeza que o senhor ministro vai ser sensível a esta situação", observou.
O responsável da UMP lembrou que "não está a falar de muito dinheiro", mas frisou que são "verbas importantíssimas" para a sobrevivência das instituições.
"Não há lógica nenhuma de governo que possa explicar esta situação", insistiu.
Lembrando que as misericórdias da região, em tempo de crise, estão a passar por grandes dificuldades, reafirmou que as instituições apenas querem que a tutela honre os acordos.
"Não estamos a pedir mais, só estamos a pedir que o que está contratualizado com o Estado seja cumprido em termos de construção e em termos de serviços que são prestados ao abrigo de um acordo", explicou.
A propósito da inauguração de hoje, Lemos considerou a Misericórdia de Felgueiras um exemplo para o país na área da saúde, nomeadamente pelo trabalho de sucesso que tem realizado com o seu hospital de agudos e com a sua unidade de cuidados continuados.
Lembrando que em Felgueiras há mais de 30 mil pessoas sem médico de família, Lemos disse à Lusa que a misericórdia local e a União das Misericórdias Portuguesas estão disponíveis para concretizar neste concelho do Vale do Sousa um projecto-piloto que permita ao sector social "ter médicos de família que assistam as pessoas".
A nova unidade de cuidados continuados tem capacidade para 64 camas, nomeadamente 14 de convalescença, 18 de média duração e reabilitação e 32 de longa duração e manutenção.
O equipamento custou cerca de três milhões euros, tendo sido comparticipado em 750 mil euros pelo Estado.
Ao contrário do que estava anunciado, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Ferreira Teixeira, não participou na cerimónia de inauguração.