Nobel para quarteto tunisino que salvou a Primavera Árabe
No testamento que assinou em 1895, Alfred Nobel indicou que a sua fortuna devia ser usada para, todos os anos, entregar um prémio a quem tenha feito mais pela "fraternidade entre as nações, pela abolição ou redução dos exércitos permanentes e para a realização e promoção de congressos de paz". Este ano, o comité Nobel norueguês responsável por cumprir a vontade do homem que inventou a dinamite decidiu centrar-se na terceira opção. O prémio Nobel 2015 vai para o Quarteto Tunisino de Diálogo Nacional, um conjunto de quatro organizações da sociedade civil da Tunísia cujo trabalho permitiu salvar a transição democrática no país que foi o berço da Primavera Árabe.
O anúncio apanhou de surpresa quem esperava ouvir o nome da chanceler alemã Angela Merkel, pela sua posição na crise de refugiados na Europa, ou do Papa Francisco, por ter servido de ponte ao reatar das relações entre os EUA e Cuba. Eram dois dos favoritos, entre 273 indivíduos e organizações que estavam nomeados este ano. Segundo a responsável pelo comité Nobel norueguês, Kaci Kullmann Five, o Quarteto foi escolhido "pela sua contribuição decisiva para a construção de uma democracia pluralista na Tunísia no rescaldo da Revolução de Jasmim de 2011".
O Quarteto de Diálogo Nacional é formado pela União Geral dos Trabalhadores Tunisinos (UGTT), um sindicato que , pela Confederação da Indústria, Comércio e Artesanato da Tunísia (UTICA, patronato), pela Liga Tunisina dos Direitos Humanos (LTDH) e pela Ordem Nacional dos Advogados da Tunísia (ONAT). As quatro organizações juntaram-se no outono de 2013, numa altura em que o futuro da democracia do país estava em risco, dois anos após a Primavera Árabe e a queda de Ben Ali.