No Porto as marionetas também nos dão música

Festival Internacional de Marionetas do Porto arranca hoje e espalha-se por vários espaços até dia 29. Com espetáculos para os mais pequenos e outros para os mais crescidos.
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Conseguem imaginar uma crew de hip hop composta só por marionetas? São os berlinenses Puppetmastaz, têm vários discos já editados, o último dos quais, Keep Yo Animal!, está na base do concerto que está marcado para o Hard Club, no Porto, no próximo dia 28. Claro que isto só pode acontecer no âmbito de mais uma edição do Festival Internacional de Marionetas do Porto, o Fimp, que começa hoje e se prolonga até quase ao fim do mês.

Igor Gandra, o diretor artístico do festival, explica que a edição deste ano tem um grupo de espetáculos que abordam "as relações entre música e matéria animada" e que são performances-concertos, como é o caso de Phobos - Orquestra Robótica Disfuncional, espetáculo do projeto Sonoscopia, com conceção e direção de Gustavo Costa (dia 18, no Mosteiro de São Bento da Vitória, para maiores de 12 anos). "Eles construíram uma série de robots cujos corpos são constituídos por partes de pequenos eletrodomésticos que ficaram obsoletos", explica Igor Gandra. Esta "orquestra disfuncional" toca música feita propositadamente para este espetáculo por três compositores contemporâneos portugueses: Carlos Guedes, Rui Dias, José Alberto Gomes.

Também há música em Manipula#som, a criação da companhia Radar 360º, com direção artística de António Oliveira (hoje e amanhã, no Teatro do Campo Alegre, para maiores de 12 anos). Neste caso, trata-se de uma ligação entre o malabarismo, a manipulação de objetos e a música interativa, criando uma espécie de concerto visual, que é aconselhado para maiores de seis anos.

E há o concerto-performance do francês Pierre Bastien, com o título Quiet Motors (dia 21, no Teatro Rivoli). Bastien constrói autómatos musicais a partir de pequenos motores, peças Meccano e outros elementos, e depois junta-lhes o trompete de bolso. Trata-se de uma peça que, diz Gandra, tem "uma dimensão visual encantatória". Este é um espetáculo para toda a família.

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Mas há muito mais no Fimp para além da música. O festival abre com o novo espetáculo do Teatro do Ferro, dirigido por Igor Gandra. Marionetas tradicionais de um país que não existe, que se apresenta no Mosteiro, convida o público "a embarcar numa viagem a espaços improváveis da globalização", tendo escolhido para falar sobre isso uma sala de espera de aeroporto, "um lugar de passagem, com regras próprias", quase como uma "terra de ninguém". Além deste espetáculo que está indicado para maiores de 16 anos, o Teatro do Ferro apresenta a sua Bela Adormecida, para os mais pequenos, no dia 20, no Teatro Rivoli.

Destaque também para dois espetáculos da Bélgica: Ressacs, pela Compagnie Gare Centrale (de Agnès Limbos), que, "com meios apesar de tudo minimais, é capaz de evocar uma série de questões do nosso sentir contemporâneo", sobretudo no que toca aos problemas da sociedade de consumo (sábado e domingo no Rivoli, para maiores de 12 anos); e Gaspard, de Une Tribu Collectiff, põe em cena um casal humano e uma criança marioneta que constituem um novo tipo de família. São apenas 20 minutos de grande beleza e intensidade e o espetáculo nem precisa de legendas, por isso está indicado para maiores de seis anos.

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Entre espetáculos, workshops e apresentação de Wip (work in progress), uma palavra ainda para a estreia do novo espetáculo do Teatro de Marionetas do Porto, Arcano, a partir do universo kafkiano (dias 20 e 21 no Campo Alegre, uma proposta para maiores de 16 anos) e o regresso dos Bonecos de Santo Aleixo, do Centro Dramático de Évora (dia 15, no Rivoli, para maiores de seis anos).

Festival de Marionetas do Porto (Fimp)
Entre hoje e dia 29; Em vários espaços do Porto

Consulte a programação completa no site oficial do festival.

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