No encalço da tempestuosidade de 'Ricardo III'

<i>Do Princípio Tempestuoso de Ricardo III </i>estreia hoje às 21.30 no Teatro Carlos Alberto, no Porto. A encenação é de Luís Mestre.
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"Um sofá, uma cadeira de rodas e uma sala enorme e deserta." Assim será, segundo o encenador Luís Mestre, o cenário em que António Durães interpretará o monólogo Do Princípio Tempestuoso de Ricardo III, com estreia para hoje, às 21.30, no Teatro Carlos Alberto (TECA), no Porto.

Baseada na obra dramatúrgica de William Shakspeare, nesta adaptação com texto assinado pelo próprio Luís Mestre, está em causa a solidão de um homem, personagem inspirada em Ricardo III, fisicamente debilitado e psicologicamente doente: crê ser outra pessoa. Que padecimento é esse? Nem Luís Mestre, encenador e autor do texto da peça sabe. "Trata-se de alguém fisicamente deformado que sente uma dor fantasma num toco de madeira. Quanto à doença em si não se sabe qual é porque todas as possibilidades ficam em aberto. O público não fica preso às características de um determinada doença."

Esta personagem medicamente assistida que expurga as suas comiserações e receios é, segundo o encenador "uma montanha russa. Tanto pode ser simpática como ameaçadora. Mas a forma como as palavras são transportadas, a própria narrativa leva-nos para uma viagem de horror e medo." Como foi escrever uma personagem nestes moldes? "Um esforço hercúleo", conta Luís Mestre, "mas é sempre assim. Uma peça pode demorar 5 ou 6 meses a ser escrita, ou muito mais tempo".

Já há dois anos que o encenador e o Teatro Nova Europa seguem no encalço deste monólogo. Deste percurso resultaram três versões já publicadas em papel, nas quais o ator António Durães participou com sugestões, críticas e opiniões. "Uma viagem, um processo de pesquisa de dois anos que pode não terminar aqui. Pensamos em continuar", remata o encenador.

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