Nick Cave assinou o momento maior da primeira noite

A primeira jornada da segunda edição do festival levou ao Parque da Cidade, no Porto, uma multidão que viu concertos de Nick Cave, James Blake, Deerhunter, Dead Can Dance ou Wild Nothing
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19h50:

Depois dos muito mornos Gadalupe Plata a estrearem o Palco Superbock, são os Wild Nothing a patrocinar o solarengo fim de tarde no Optimus Primavera Sound no Parque da Cidade do Porto. A apresentarem o seu mais recente álbum Nocturne (editado no ano passado), a banda norte-americana satisfez os fãs do seu indie rock normativo e entreteve os que os ouviam despreocupadamente, sentados no relvado do recinto.

22h10:

Já a noite tinha coberto o parque quando os Dead Can Dance começam a actuar no Palco Superbock perante uma plateia bem composta e dedicada ao imaculado classicismo de uma das mais reputadas bandas do alinhamento. Liderados pela voz etérea e angelical de Lisa Gerrard e pelo barítono Brendan Perry, os Dead Can Dance voltaram ao activo (depois de algumas pausas e reformas no grupo original) com o mais recente álbum Anastasis, que compôs (como tinha acontecido no concerto de terça-feira em Lisboa) a maior parte do alinhamento.

23h35:

Envergando um lustroso fato preto e a sua irresistível postura de rock star veterana, Nick Cave e os seus Bad Seeds abrilhantaram o final da noite no Palco Optimus. Donos de uma inegável legião de fãs que já vem de há várias décadas e é transversal a várias gerações, a banda australiana encheu a colina com o carisma algo sórdido e macabro do seu líder veterano, com os clássicos que pautam uma carreira de 30 anos (como Jack The Ripper, Red Right Hand ouThe Weeping Song) e os novos temas do álbum Push The Sky Way (onde não faltou o muito soturno single de estreia We No Who U R), encerrando assim, com a canção que dá o nome ao último disco, um concerto consideravelmente curto para as expectativas que lhe tinham depositado - pelos fãs mais acérrimos, talvez. Interagindo sumariamente com o público (sem descurar, obviamente, da sua atitude "negra" e do seu ar "obscuro") e falando-lhe muito frontalmente (queixando-se até, com a sisudez sarcástica que lhe é característica, dos smart phones que lhe eram apontados sem dó nem piedade), Nick Cave and the Bad Seeds assinou, muito provavelmente, o concerto mais épico e imponente do festival.

02h15:

A findar o primeiro dia de festival no Palco Optimus (e depois da actuação dos Deerhunter no Palco Superbock), James Blake fica encarregue de selar uma noite recheada de boa música. Aplaudido por uma plateia que fervilhava, o menino prodígio da electrónica britânica entrou em palco, na sua adorável timidez e descrição, e calou uma vastíssima audiência ao principiar a atuação com Air & Lack Thereof (o primeiro single que lançou, em 2009), seguido do já popular I Never Learnt to Share. De seguida, com To The Last, começou por apresentar temas do segundo álbum (Overgrown, lançado no passado mês de abril) e a deslumbrar os espectadores com o seu lirismo contemporâneo, salpicado com as batidas dubstep e os ecos do R&B que o mesmo tem vindo a reinventar nos últimos dois anos. Agradecendo os efusivos elogios que a plateia foi lançando - bem alto - durante uma hora de concerto, James Blake encerrou um espectáculo de uma beleza quase onírica, onde não faltaram temas como Retrogade ou a sua versão de Limit To Your Love (original da artista canadiana Feist).

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