Um armazém de pneus abandonado é agora, nas palavras do seu proprietário, "o restaurante mais tecnológico da Europa". Manoel Júnior, um professor de educação física que chegou do Brasil em 1997, abriu na Av. Infante Dom Henrique, em Lisboa, junto ao Parque das Nações, um espaço onde há robôs, janelas falsas, uma cascata digital, uma lareira de vapor de água, sanitas inteligentes e onde se faz uma viagem gastronómica por 15 países. Abriu ele e a mulher, Ana Penha, a quem ele chama "menina bonita" e que dá nome ao local..Manoel Júnior está orgulhoso dos primeiros cinco meses da Estação Menina Bonita. E ainda mais daquilo que conseguiu erguer num local ao abandono. O que salta à vista é a tecnologia, mas, não esquecendo que estamos a falar de um restaurante, aqui há comida para palatos de todas as latitudes e, mais recentemente, brunch ao fim de semana entre as 9h00 e as 15h00. Há duas opções de menu completo: o Inglês, com ovos, bacon, tomate, torradas e panquecas (16,50€); e o Brasileiro com pão de queijo, cartola, cuscuz com carne seca ou ovos mexidos e panquecas (18,50€). Ambos incluem um sumo natural à escolha e o menu inglês pode ser também acompanhado de um cappuccino. Também é possível personalizar o brunch à unidade, com uma seleção de pastelaria, panquecas, sandes, tostas, saladas e bowls, que se juntam a uma carta de bebidas quentes e frias..O restaurante é uma viagem gastronómica por 15 países diferentes, sendo que todos os pratos vêm identificados com o país de inspiração. No menu há opções como Chuletón a la Parrilla (58€), o Filet Duchess (32€), o Nero di Mare (19,90€), o Cod Portugal (23€) ou o Camarão Colonial (22,90€). "Criei vários pratos que só existem cá", diz Manoel Júnior. O menu está num QR Code, colocado na mesa. E a cozinha está por trás de um vidro fosco, mas basta tocar num botão para este se tornar transparente e permitir ver tudo o que por lá se passa. Este é um dos truques tecnológicos da Estação Menina Bonita, lugar onde a animação é constante, assegurada por uma banda residente..Os 10 robôs que por ali circulam fazem as delícias dos mais novos. "Ficam malucos", admite Manoel Júnior. Interagem com os clientes, entregam os pedidos, retiram os pratos, mas não substituem os empregados, num total de 48. Segundo o proprietário, permitem que estes "deem mais atenção ao que é importante: os clientes"..Representante em Portugal da Pixelvision Robotics, este antigo professor que também tem uma empresa que desenvolve equipamentos para trabalhos em altura, queria investir na área do turismo e abrir um restaurante. "Falar em comida boa em Portugal é um pleonasmo, é impossível não comer bem. Precisava de um diferencial", lembra. Surgiu então a ideia de "reunir num ambiente vários fatores que trouxessem um ganho". Daí o entretenimento com a banda residente e a tecnologia..Além dos robôs, a Estação Menina Bonita tem um sistema de kinetic balls para espetáculos de luzes e uma cascata luminosa digital. "Posso lá escrever o que quiser. 'Quer casar comigo', por exemplo", sugere Manoel Júnior..Na parede deste amplo espaço, com 1200 metros quadrados e capacidade para 300 pessoas, há quatro janelas falsas, que, na verdade, são ecrãs em que se podem emitir as imagens que se quiser. E a lareira de vapor de água simula fogo e aquece no inverno e refresca no verão. As mesas são feitas de madeira com uma camada de resina. "São obras de arte, cada uma diferente da outra", realça Manoel Júnior. Custaram em média 6 mil euros, mas uma delas, a maior, que está na sala VIP, chegou aos 15 mil e tem capacidade para 15 pessoas. Todas têm um botão para chamar o empregado..Na entrada do restaurante, os clientes são recebidos por uma escultura de três metros, a Tupi, uma guerreira mitológica, do artista plástico brasileiro Braga Tepi. Uma homenagem à mulher do proprietário. "A Ana é a minha menina bonita", diz Manoel Júnior. Foram namorados na adolescência (ela tinha 13 anos e ele 17), mas a vida separou-os e refizeram as suas vidas.."Nunca a esqueci", conta. Após anos de encontros e desencontros, o amor venceu. A história, um "conto de fadas da era moderna", está contada em três livros dele - 25 Anos de Solidão, Desespero e A Força do Destino. Este último é o único que tem alguma ficção: idealiza o casal a celebrar 50 anos de casamento e preconiza a morte dele, aos 83 anos, vítima de cancro, e a morte dela por desgosto..sofia.fonseca@dn.pt