Nem a descida de taxas de juros vai levar bancos a conceder mais crédito
A confiança dos consumidores, alicerçada numa expectativa de recuperação económica, poderá não ser suficiente para o aumento da concessão de crédito em 2016. Apesar do cenário de baixas taxas de juro poder favorecer uma maior tomada de risco por parte dos bancos, com menor restritividade das políticas de crédito e uma maior procura por parte de particulares e empresas, a banca nacional deverá adotar critérios mais prudentes.
Este foi, aliás, o aviso recente deixado pelo Banco de Portugal, defendendo que sejam adotados critérios "prudentes" que criem "rendimento futuro" mesmo num cenário de subida das taxas de juro. Por enquanto, os números não mostram uma maior concessão, pelo contrário. Este indicador teve uma evolução negativa nos primeiros nove meses de 2015, com o crédito concedido pelos cinco maiores bancos a recuar 3% para 186,3 mil milhões de euros até setembro, face aos homólogos 192 mil milhões.
Não menos importante é a continuação da desalavancagem das famílias e das empresas, traduzido numa redução do endividamento e visível no nível elevado do crédito malparado. No final de outubro, o crédito de cobrança duvidosa estava acima dos 18 500 milhões, cerca de 9% do total de empréstimos (ver gráfico).
"A concessão deverá estabilizar em 2016. Não só porque os bancos deverão apertar mais os critérios mas também porque os particulares e as empresas vão continuar a desalavancar", afirmou uma fonte financeira ao DN. No entanto, a mesma fonte alerta que "o malparado deverá manter-se em níveis históricos, embora seja possível haver uma redução gradual ao longo de 2016".
Fora da equação está o regresso do crédito de cobrança duvidosa a níveis semelhantes aos de 2000. Nesse ano, o malparado ascendia a 2845 milhões de euros, ou seja, um valor 16 mil milhões de euros inferior ao atual.