Negociadores ucranianos prontos para conversações com a Rússia sobre Mariupol

No dia em que os russos anunciaram controlar a cidade portuária, Putin cancelou o assalto à resistência ucraniana no complexo industrial Azovstal, mas mantém bloqueio.
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O chefe da delegação de negociadores ucranianos, David Arakhamia, anunciou que está pronto, juntamente com o assessor presidencial e negociador Mykhailo Podoliak, para viajar até Mariupol e iniciar rapidamente as negociações com a Rússia.

"Mykhailo Podoliak e eu estamos prontos para ir a Mariupol para conversar com o lado russo sobre a retirada das nossas tropas militares e de civis", disse o negociador ucraniano.

David Arakhamia fez este anúncio na rede social Telegram na quarta-feira à noite, de acordo com a agência de notícias local Ukrinform, tendo já esta quinta-feira o Ministério da Defesa russo anunciado que tem o controlo de Mariupol, à exceção do complexo industrial Azovstal, ao qual o presidente Vladimir Putin cancelou o assalto final para a sua tomada.

David Arakhamia sublinhou ainda que os representantes da delegação ucraniana mantêm contacto constante com os militares ucranianos que resistem na cidade portuária de Mariupol, praticamente destruída por ataques desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.

"Hoje, em conversa com os defensores da cidade, foi proposta a realização de uma ronda de negociações no local para a retirada das nossas tropas militares", disse. "Da nossa parte, estamos prontos para iniciar tais negociações a qualquer momento, assim que recebermos a confirmação da Rússia", reiterou.

Na quarta-feira, as autoridades russas disseram que nem os soldados que estão na fábrica de metalurgia Azovstal e nem os civis abrigados com estes militares usaram o corredor humanitário que abriram para deixarem a cidade de Mariupol durante o dia. "Somos forçados a dizer que a operação humanitária declarada pelas autoridades de Kiev foi cinicamente interrompida, ninguém usou o corredor indicado", disse o chefe do Centro de Controlo de Defesa Nacional, coronel general Mikhail Mizintsev.

Putin cancelou entretanto a ordem de assalto ao complexo industrial Azovstal, mas mantém o bloqueio à zona. "Considero inapropriado o assalto proposto à zona industrial. Ordeno o cancelamento", disse o chefe de Estado dirigindo-se ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, durante uma reunião governamental transmitida pela televisão pública russa Rossia 24.

Calcula-se que se encontram cerca de dois mil ucranianos, entre civis e elementos do Batalhão Azov na área industrial Azovstal na cidade de Mariupol assediada pelos invasores russos desde o princípio da campanha militar da Ucrânia.

Na mesma transmissão, o presidente russo afirmou que as forças de Moscovo alcançaram como "êxito" o controlo da cidade portuária ucraniana.

"O trabalho final de libertar Mariupol é um sucesso", disse ainda Vladimir Putin ao ministro da Defesa, depois de comunicar a Serguei Shoigu que um ataque contra o complexo fabril Azovstal "não é apropriado" e que era necessário sitiar "a área de tal forma para que nem uma 'mosca possa passar".

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