NBA aprova novas regras para tentar acabar com o tanking

Equipas mais mal classificadas passam a ter menos garantias de poder escolher os melhores jogadores do draft, a partir de 2019
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The Process - o Processo, em português - tornou-se uma das expressões mais em voga na NBA nos últimos anos, muito por culpa de um senhor chamado Sam Hinkie que durante três anos, entre 2013 e 2016, exerceu o cargo de diretor--geral dos Philadelphia 76"ers. O mantra ("trust the process"), repetido até à exaustão , marcou o período negro de Hinkie como dirigente da formação de Filadélfia e tornou-se sinónimo de gozo por toda a liga (e não só).

E em que consistia esse tão badalado processo? Basicamente, em perder jogos de propósito ao longo da época para que os Sixers pudessem ficar com os melhores jogadores do draft [processo de recruta de novos jogadores] seguinte. Numa palavra: tanking, outra das expressões mais usadas na NBA nos anos recentes, geralmente na mesma frase de process. É que, para muitas equipas, o processo de reconstrução resumia-se a isso: deixar-se afundar na tabela enquanto sonhavam com as futuras estrelas a sair das universidades.

O problema é que o "processo" começou a ficar demasiado óbvio e a tornar-se um problema para a integridade da NBA, que começou a pensar em alterar as regras do jogo. Ou melhor, do draft. E chegou finalmente a uma decisão, depois de muitas discussões entre os donos das equipas, a qual foi anunciada após uma reunião do comité executivo em Nova Iorque, na última quinta-feira.

Assim, a partir de 2019, o crime (no caso, o tanking) vai compensar menos na NBA. Se atualmente a equipa mais mal classificada na temporada regular tem 25% de hipóteses de ficar com a primeira escolha do draft seguinte, em 2019 passa a ter apenas 14%, uma percentagem que será igual para as três piores equipas da fase regular. Essas três equipas passam também a ter um máximo de 40% de probabilidades de obter uma das três primeiras escolhas do draft - atualmente, a pior equipa tem 64% de hipóteses de conseguir um top-3, a segunda pior tem 56% e a terceira pior 47%.

Além disso, reduz-se bastante a diferença de probabilidades para as outras equipas, não apuradas para os playoffs, que pelo menos se esforçaram (ou por qualquer outra razão não ficaram entre as três piores). A quarta pior equipa da temporada, por exemplo, aumenta de 11,9 para 12,5% as hipóteses de ficar com a primeira escolha - a quinta passa de 8,8 para 10,5%, a sexta de 6,3 para 9%, e por aí fora, até à 14.ª, que, essa sim, mantém os 0,5% atuais.

"Esta reforma é um passo significativo no nosso esforço contínuo em zelar pela qualidade do jogo", anunciou o comissário Adam Silver.

Nesse sentido, foi aprovada ainda outra alteração, sobre outro tema polémico: o descanso dado a algumas estrelas em alguns jogos da temporada. A partir já da próxima época, passa a ser proibido dar descanso aos principais jogadores em partidas fora de casa ou com transmissão televisiva nacional.

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