Navalny dá sinal de vida e garante que "está bem"

Após quase três semanas desaparecido, ficou a saber-se que o opositor russo foi transferido para uma colónia penal no Ártico.
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Alexei Navalny, que sabe-se agora estar detido numa colónia penitenciária no Ártico russo após ter permanecido com destino desconhecido durante quase três semanas, disse ontem que "está bem". Numa mensagem publicada na rede social X, o opositor russo afirmou que a viagem foi "cansativa", mas garantiu que "está bem". "Não se preocupem comigo. Estou bem. Estou aliviado por finalmente estar aqui", disse.

Na segunda-feira, os apoiantes do líder oposicionista russo informaram que Navalny está preso na colónia penitenciária perto da Cordilheira dos Urais, no Ártico, depois de quase três semanas sem qualquer contacto com o mundo exterior. De recordar que o crítico de Vladimir Putin foi detido em 2021 e posteriormente condenado a uma pena de 19 anos de prisão.

"Encontrámos Navalny. Está na Colónia Prisional N.º 3 na cidade de Kharp", disse Kira Iarmych no X, indicando que Navalny "está bem" e que o seu advogado o visitou. Kharp, uma pequena cidade com uma população de cerca de cinco mil habitantes, situa-se em Yamalo-Nenetsia, uma região remota do norte da Rússia, a norte do Círculo Polar Ártico, e alberga várias colónias penitenciárias.

Acusado de extremismo, segundo a sentença do tribunal, Navalny deve cumprir a sua pena numa colónia de "regime especial", uma categoria de estabelecimentos onde as condições de detenção são as mais duras e que são normalmente reservadas a presos a cumprir pena de prisão perpétua e aos detidos mais perigosos. Uma dessas colónias de "regime especial" situa-se precisamente em Kharp, a Colónia N.º 18, ou Coruja Polar.

Os serviços penitenciários russos admitiram, no passado dia 15, que Alexei Navalny tinha sido transferido da Cadeia de Vladimir, onde cumpria pena desde junho de 2022, mas não precisaram o seu novo destino.

Os advogados do opositor não tinham contacto com o seu cliente desde 5 de dezembro, levando os seus colaboradores a lançarem a campanha mundial "Onde está Navalny?".

No sábado, o secretário de Estado norte-americano manifestou-se preocupado com a falta de informação sobre o paradeiro de Alexei Navalny e exigiu ao Kremlin que o opositor russo fosse libertado o quanto antes. Na mesma mensagem, Antony Blinken exigia a "libertação imediata" do opositor russo e que o governo do presidente Vladimir Putin deixe de "reprimir as vozes independentes na Rússia".

Também a França criticou, já na segunda-feira, a transferência de Navalny para uma colónia penal no Ártico russo, considerando-a uma nova violação dos Direitos Humanos. Paris apelou ainda à libertação de todos os presos políticos, "imediata e incondicionalmente, e ao fim de toda a perseguição legal contra eles".

Na semana passada, a Rússia incluiu na lista de pessoas procuradas Maria Pevtchikh, a diretora do conselho de administração do Fundo Anticorrupção de Navalny, e que vive exilada em Londres. Pevtchikh já era considerada pelas autoridades russas como uma "agente estrangeira", conceito pejorativo que condena o visado a buscas da polícia e outras medidas punitivas.

com Lusa

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