NATO vai reforçar tropas no leste europeu e definir Rússia como principal ameaça
Na cimeira de Madrid, a NATO deverá definir a Rússia como a sua maior e mais direta ameaça e aprovar o reforço das forças de alta prontidão e de militares no leste europeu, disse esta segunda-feira o secretário-geral da organização.
Jens Stoltenberg afirmou, numa conferência de imprensa em Bruxelas, que os líderes dos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) esperam chegar a acordo em Madrid, esta semana, para um aumento das forças de alta prontidão para mais de 300 mil militares, assim como para o reforço de batalhões estacionadas em países do leste da Europa.
Em Madrid, a Aliança Atlântica, de defesa e cooperação militar entre países da Europa e da América do norte, deverá também definir a Rússia como a maior e mais direta ameaça para os estados-membros da NATO no novo conceito estratégico da organização, que será adotado na cimeira, disse Stoltenberg.
O conceito estratégico, um dos documentos-chave da NATO, estabelece os desafios de segurança que a organização enfrenta e traça as prioridades políticas e militares a desenvolver para os enfrentar.
Em Madrid, o presidente turco vai encontrar-se com o seu homólogo finlandês e com a primeira-ministra sueca na terça-feira, para discutir as candidaturas da Suécia e da Finlândia à NATO, anunciou a presidência finlandesa.
A Turquia anunciou um bloqueio das candidaturas sueca e finlandesa em meados de maio, e espera-se que a questão seja um dos destaques da cimeira de Madrid, que decorre de terça-feira a quinta-feira na capital espanhola.
A reunião de Recep Tayyip Erdogan com o finlandês Sauli Niinisto e a sueca Magdalena Andersson terá lugar no início da cimeira da Aliança Atlântica, na presença do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse a Presidência finlandesa na rede social Twitter, citada pela agência espanhola EFE.
Segundo Helsínquia, novas negociações para tentar ultrapassar o veto turco estão também agendadas para hoje, na sede da NATO em Bruxelas.
A Turquia acusa a Suécia de albergar militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), uma organização que Ancara considera terrorista.
Ancara exige também o levantamento dos bloqueios à exportação de armas por Estocolmo e Helsínquia após a intervenção militar da Turquia no norte da Síria em outubro de 2019, o endurecimento da legislação antiterrorista sueca e a extradição de várias pessoas que descreve como terroristas.
Um porta-voz de Erdogan, Ibrahim Kalin, disse a um canal de televisão turco que a participação da Turquia na cimeira de Madrid não significa que Ancara vai recuar nas suas posições.
"A bola está agora no seu campo", disse Kalin, referindo-se à Suécia e à Finlândia.
A primeira-ministra sueca deverá também deslocar-se a Bruxelas para se encontrar com Stoltenberg ainda antes da cimeira de Madrid, disse o seu gabinete.
Andersson falou com Erdogan por telefone no sábado, mas Ancara disse que não houve progressos.
A Suécia e a Finlândia pediram a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) em 18 de maio, na sequência da invasão russa da Ucrânia, pondo termo a uma política histórica de neutralidade.
A cimeira de Madrid decorre no contexto da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, e vai atualizar o conceito estratégico da NATO definido para a última década, em Lisboa, em 2010, e que ficou marcado, então, por uma intenção de aproximação da Aliança Atlântica à Rússia.