A NATO é uma organização internacional baseada em cooperação intergovernamental entre os Estados em vez de adquirir carácter supranacional, como a União Europeia. Esta é uma premissa fundamental quando falamos da NATO..A "velha senhora" ainda é importante, com o seu charme intacto e com muita relevância na ordem internacional. No dia 4 de abril celebrar-se-ão os 70 anos da assinatura do Tratado do Atlântico Norte..Portugal, enquanto membro fundador, pode afirmar que assegurou que a aliança desde a sua criação se tornou um ator fundamental não apenas para garantir segurança ou para atuar na Defesa, mas também por implementar o Estado de direito, defender e proteger a democracia e projetar estabilidade..Importa no entanto lançar a seguinte questão: será que para António Costa interessa saber qual é o número de emergência de Petro Porochenko como interessa ao primeiro-ministro da Letónia, Märis Kucinskis?.Após a queda do Muro de Berlim, a NATO ficou sem perceber como adaptar a sua missão e como conduzir os Estados - na altura conjugados e ligados pelo bipolarismo da Guerra Fria - a cooperarem nesta ordem multilateral, volátil e efémera..Se a NATO é vital para umas regiões, porque não é tão claro a sua importância para outras? Haverá, tal como se questiona na União Europeia, uma identidade comum que consegue abarcar todos os interesses nacionais dos Estados membros? Niet..A Rússia e o seu regime têm sido o único inimigo declarado da NATO. A organização tem um edifício novo e moderno desde o ano passado, mas a tentativa de se adaptar a outras regiões como Portugal, Canadá ou Dinamarca não tem tido o mesmo sucesso rejuvenescedor para além da "NATO bubble"..A NATO tem uma missão clara para certas regiões mas para demasiadas geografias do Atlântico não sabe para onde se há de virar. A NATO é vital e fundamental para certos teatros de operações mas para outros o seu papel não é claro. A NATO já sinalizou alguns dos desafios adequados ao século XXI e a disputas territoriais, mas tem apagado algumas das ameaças mais graves de movimentos não estatais, como a guerra híbrida, e é ineficaz na cibersegurança..O desafio é claro: a NATO é um garante da democracia liberal, é um pilar essencial nos tempos de incerteza, mas tem de se tornar mais veloz na ação e menos preocupada com as palavras e com as campanhas de redes sociais. A NATO tem de pertencer à mesa da tomada de decisão na situação de refugiados a sul, no unilateralismo de Trump, no Brexit, nos casos do Afeganistão ou do norte de África e Médio Oriente com a Turquia..Presidente da Associação da Juventude Portuguesa para o Atlântico