Não se pode confundir casos como o da idosa oito anos morta em casa com realidade do país
Nos últimos dias foram encontrados três idosos mortos em casa há vários dias. O caso mais mediático foi o de uma mulher encontrada morta no seu apartamento, em Sintra, oito anos depois de ter falecido. "Parece-me muito excessivo querer transformar estas situações dramáticas, que devem servir para reflexão e alterar práticas, se for o caso disso, na realidade do país", disse Edmundo Martinho. Segundo o responsável, Portugal tem "uma rede extraordinária de instituições particulares de solidariedade social (IPSS), de freguesias e serviços públicos que está atenta a estas situações e tem disponibilidade e capacidade para responder a todas as situações sinalizadas pelos próprios ou pelos familiares". Adiantou ainda que não houve um "recrudescimento" destes casos "muito delicados", mas provavelmente as pessoas estão mais "atentas" depois do relato destas situações.
Para o presidente do Instituto de Segurança Social (ISS), é "importantíssima" a sinalização aos serviços de situações em que "o isolamento e o desacompanhamento possam ser, pelos menos, supridos com uma atenção especial às pessoas que possam ter uma fragilidade aparente". "Ao contrário daquilo que se procura dizer, nós temos uma rede de vizinhança e de proximidade - quer do lado das instituições particulares de solidariedade social (IPSS, quer das autarquias - muito fina", disse, lembrando que Portugal tem uma "tradição" de grande acompanhamento destas situações. Contudo, assinalou, nos grandes centros urbanos as relações tornam-se "muito mais impessoais e é possível o isolamento".
"Claro que há casos destes, não há dúvida, mas não podemos transformar estes casos, relativamente aos quais devemos estar muito atentos e que temos de ser capazes de prevenir, e achar que representam a generalidade de um país onde as pessoas são completamente distantes e despreocupadas com a sorte de cada um dos cidadãos", reiterou. Para o responsável, estas situações devem servir para perceber onde é que estão as fragilidades e defendeu que se devia "caminhar progressivamente para sistemas de acompanhamento eletrónico" para as pessoas mais frágeis. Lembrou ainda que existem muitos casos de pessoas que recusam qualquer tipo de apoio. "Esta é uma dimensão que não iremos conseguir superar nunca".