"Não deixei que os Jogos se tornassem num fantasma"
"Foi uma vitória de superação. Já vim a Jogos em melhor forma... E cheguei aqui vinda de uma lesão, fui operada há cinco meses e meio. Competi com o joelho ligado... Mas acreditei, lutei e não deixei que os Jogos se tornassem num fantasma."
Estas foram as palavras sentidas de uma emocionada Telma Monteiro, radiante com a conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. "Se tinha sido paciente até aqui, se tinha esperado, continuado a trabalhar, nunca deixando de acreditar, tinha de ser o meu dia", acrescentou a vencedora da 24.ª medalha olímpica de sempre para Portugal.
Telma Monteiro revelou que após a derrota com a judoca a mongol Sumiya Dorjsuren tentou "fazer uma pequena reflexão", mas depressa percebeu que "não era para agora". No combate de repescagem enfrentou a francesa Automne Pavia, que lhe despertou um sentimento de enorme força. "Não tive tempo para pensar... Ia combater com uma francesa que já me ganhou várias vezes, que era campeã da Europa. Foi uma atleta para a qual eu treinei muito bem. Pensei 'tem de ser hoje, tem de dar hoje'. Nessa altura pensei que era um passo muito importante e disse que se ganhasse ali, levava uma medalha para casa e foi isso que aconteceu", revelou.
No combate pelo bronze, frente à romena Corina Caprioriu, Telma pontuou cedo, mas ficou a queixar-se do ombro. "Senti medo", admitiu: "Às vezes queixo-me... Mas hoje era verdade. Ela tentou ser agressiva a fazer a chave e lesionou-me no ombro. Ainda dói, mas com a medalha até podia saltar o ombro... não me importava!", sublinhou.
Sobre se está a pensar ir aos Jogos de Tóquio, em 2020, Telma Monteiro admitiu que esse é um objetivo: "Quatro anos é muito tempo, mas já tinha decidido que ia estar em Tóquio. É um país que adoro, onde me sinto muito bem e é o país do judo. Nunca hei-de desistir. Quero chegar a Tóquio bem e se chegar em condição de lutar por medalhas, melhor."
A finalizar, a judoca do Benfica deixou uma mensagem em exclusivo à RTP: "Quero agradecer a todos pelo apoio. Esta medalha não é minha, é nossa. Foi conquistada com o sangue lusitano, com a raça e crer que nos distingue. Vim para ficar e para fazer a diferença. É um dia histórico para todos nós. E deixo também uma mensagem a todas as crianças que estão a ver: vale a pena lutar pelos nossos sonhos."