"Não consigo respirar." Agente que estrangulou negro foi despedido cinco anos depois

O Departamento de Polícia de Nova Iorque demitiu o agente que estrangulou Eric Garner ao tentar prendê-lo em 2014, um incidente que ajudou a alimentar o movimento Black Lives Matter em resposta ao uso da força policial.
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Um vídeo de telemóvel mostrou ao mundo Daniel Pantaleo a utilizar uma técnica de estrangulamento proibido em Eric Garner, após este ter recebido ordem de prisão por vender cigarros avulsos (e como tal não sujeitos a impostos). O caso, tornado famoso pelos gritos de Garner -- "Não consigo respirar" -- enquanto o braço de Pantaleo o sufocava, causou danos à imagem da Polícia de Nova Iorque. E deu mais força à campanha do movimento Black Lives Matter, num momento em que os Estados Unidos registaram uma série de outros casos de agentes brancos que mataram afro-americanos desarmados.

Ao anunciar o despedimento, o comissário James O'Neill, disse que Pantaleo agiu de forma correta até ao momento em que aplicou a manobra proibida depois de os dois homens caírem no chão. Também disse que iria compreender se alguns polícias ficassem zangados com ele. Mas no final, disse, não podia deixar de notar que Pantaleo, apesar de ter recebido treino policial resultou numa "tragédia irreversível".

Um júri local recusou indiciar Pantaleo e o Departamento de Justiça dos EUA também não o acusou. Pantaleo, que estava em trabalho de secretária desde os acontecimentos de 17 de julho de 2014, foi suspenso no início deste mês, quando um magistrado do departamento da polícia decidiu que o agente deveria ser demitido.

O líder do sindicato policial condenou imediatamente a decisão, dizendo que o comissário cedeu à pressão política e que sua decisão colocaria os polícias em maior risco.

"A liderança abandonou o navio e deixou os nossos polícias sozinhos na rua, sem apoio", disse Patrick Lynch. "Este presidente da câmara precisa de ser afastado. O comissário de polícia precisa saber que perdeu o departamento de polícia", concluiu.

Por sua vez, o presidente da Câmara e candidato às primárias democratas, Bill de Blasio, afirmou que "houve um processo justo e imparcial e foi feita justiça", disse de Blasio em conferência de imprensa.

Em 2015, a cidade de Nova Iorque pagou 5,9 milhões de dólares à família de Garner para evitar um processo civil.

Por sua vez, a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, considerou que "alguma aparência de justiça está finalmente a ser observada".

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