Na hora do adeus, Leão prevê crescimento de 5% do PIB em 2022
O ministro das Finanças, João leão, anunciou esta sexta-feira que o Governo vai entregar hoje o Programa de Estabilidade, na Assembleia da República. Leão está de saída, sendo substituído por Fernando Medina na próxima legislatura, mas antes de sair anunciou a previsão de que economia portuguesa deverá crescer 5%, em 2022, e 3,3, em 2023. Até 2026, de acordo com o Programa de estabilidade, a estimativa é que o PIB acelere mais de 2%.
A previsão para 2022 representa, ainda, uma revisão em baixa por parte das Finanças, que antes apontava para um crescimento de 5,5% do PIB. Há três semanas, o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou que a economia nacional tinha crescido 4,9%, em 2021. Na quinta-feira, o banco de Portugal previu um crescimento de 4,9% para este ano.
"As expectativas são positivas para os próximos dois anos. Para 2022 e 2023 estima-se a continuação de uma forte recuperação económica pós-pandémica com um crescimento previsto, este ano, de 5% e 3,3% em 2023", afirmou João Leão, em conferência de imprensa. A estimativa de evolução do PIB foi justificada por Leão com o "início da recuperação pós-pandemia" e com o "impulso" do Programa de Recuperação e Resiliência.
"No resto do horizonte de projeção do Programa de Estabilidade espera-se que Portugal apresente um crescimento robusto, sempre acima de 2% e sempre acima da média europeia, alavancado pelo PRR e pelo investimento", revela o ministro das Finanças.
Os novos cálculos do executivo, contidos no 2022-26, apontam ainda para uma melhoria do PIB de 2,6%, em 2024 e 2025, e 2,5% em 2026.
Já quanto ao défice orçamental, Leão prevê 1,9% para 2022, um valor também reportado pelo INE antes da conferência de imprensa. Em 2021, o défice foi de 2,8%.
Quanto a 2023 e 2024, a previsão é de 0,7%. Para 2025, o ministro das Finanças aponta para um saldo 0%, sendo que em 2026 estima um excedente orçamental de 0,1%. A concretizar-se a previsão para 2026, o executivo de António Costa repetirá o feito de 2019 no último ano da nova legislatura, que arranca em abril.
Relativamente ao rácio da dívida pública. As contas do governo apontam para um rácio de 120,8% do PIB em 2022; 115,4% em 2023; 110,1% em 2024; 106% para 2025; e 101,9% em 2026.
"Esta evolução permitirá a Portugal, já em 2024, sair do grupo de países mais endividados da União Europeia. Em 2024, Portugal já deverá ter um rácio da dívida pública inferior a outros países, como Espanha, França e Bélgica, além de Grécia e Itália", argumenta o ainda titular das Finanças. A concretizar-se este cenário, Portugal deixará de ser o terceiro país da União Europeia com a maior dívida pública.
"Esperam-se contas certas e próximas do equilíbrio", segundo João Leão. No entanto, o homem que dará lugar a Fernando Medina, dentro de dias, sabe que a guerra na Ucrânia terá repercussões económicas.
"Num cenário mais adverso, estima-se que o crescimento do PIB em 2022 se reduza, não sendo de 5% mas 3,8% e que a melhoria das contas públicas seja mais gradual". Isto se a invasão russa na Ucrânia criar males ainda maiores aos já verificados.
Outro risco, ainda mais adverso mas menos provável, segundo Leão, é "a possibilidade de se verificar um contexto de estagflação, provocando uma subida repentina e mais acentuada das taxas de juro na Europa, com as inevitáveis consequências sobre a recuperação económica e contas públicas". Aqui, contará também o impacto mais agravado da crise energética e os obstáculos criados nas cadeias de abastecimento.
Ucrânia com impacto de mais de mil milhões às contas públicas. Sucesso Medina é
Feitas as contas e ponderados os riscos, João Leão afasta, ainda assim, o risco de recessão. "O cenário base que se antecipa não é de recessão. Portugal está com uma forte pujança de recuperação pós-pandémica", diz.
Não obstante, questionado pelos jornalistas na conferência de imprensa, o ministro das Finanças, explica que o impacto da guerra na Ucrânia já está incluíndo nas previsões apresentadas: "O impacto que decorre da invasão da Ucrânia já está assumido e é superior a mais de mil milhões de euros, o que já está refletido nestas contas".
Questionado também sobre o futuro titular das Finanças, João Leão garante estar "muito satisfeito" com a escolha de Fernando Medina. Leão e Medina já trabalharam juntos e têm estado "em contacto", segundo o ainda titular das Finanças, para debater "as principais questões" do próximo Orçamento do Estado (OE).
Sobre o OE, Leão assegura que o documento está em fase adiantada da sua preparação, contando ainda com a contribuição do sucessor de Centeno nas Finanças. Segundo Leão, estará em linha em com o documento que tinha sido apresentado, em outubro de 2021 - e que acabou chumbado conduzindo a novas eleições legislativas -, mas contará com com revisões necessárias dadas as alterações macroeconómicas.
Quantoa o futuro, o ainda governante diz que vai regressar à vida académica.