Muros de xisto reconstruídos no Douro custam 125 milhões
Os muros em pedra posta de xisto são considerados os elementos mais marcantes na paisagem duriense, Património Mundial da Humanidade, classificado pela UNESCO em 2001.
José Pereira, assessor da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN), revelou que está a ser feita uma forte aposta na recuperação dos tradicionais muros de xisto.
Para o efeito, foi criada uma medida específica no programa de financiamento comunitário PRODER, denominada Intervenção Territorial Integrada do Douro Vinhateiro, que apoia a manutenção e conservação destas estruturas tradicionais.
Segundo a fonte, "estão a ser apoiados cerca de cinco mil agricultores, que estão a receber anualmente cerca de cinco milhões de euros de apoios".
No âmbito do PRODER, já foi apoiada a recuperação de 25 quilómetros de muros, o que representa um investimento de 24 milhões de euros.
Em fase de análise estão candidaturas que ultrapassam os 50 milhões de euros e que podem atingir cerca de mais 80 quilómetros de muros intervencionados.
Além disso, acrescentou, "sempre que os muros caem, há uma ajuda à recuperação até 100 por cento", sendo esta a "única medida do PRODER paga a 100 por cento, recebendo cada beneficiário até ao máximo de 70 mil euros".
Uns chamam-lhes as "rugas" outros os "degraus" do Douro. Os muros de xisto foram construídos nos últimos séculos pelos durienses e serpenteiam a paisagem, ao longo de vários quilómetros.
Só que, quando ocorrem intempéries, são muitos os muros e socalcos derrubados pela força das águas. Os grandes estragos neste território verificaram-se no inverno de 2000/2001.
Na altura, foram entregues ao Programa Agro 2.479 candidaturas, que resultaram na reconstrução de cerca de 80 quilómetros de muros, num investimento total de 52 milhões de euros e 39 milhões de apoio comunitário.
"Poderemos atingir os 200 quilómetros de muros reconstruídos em mais de uma década", salientou José Pereira.
No âmbito da medida Regime de Apoio à Reconversão e Reestruturação de Vinha, foram reestruturadas, segundo a DRAPN, quase 15 mil hectares de vinha nos últimos 11 anos.