Mundial feminino. Entre a fama e o boicote, o que mudou este ano?

A atual melhor jogadora do mundo não participa no campeonato em protesto com os valores que são pagos às mulheres: apenas 1% do que os homens recebem. O torneio feminino nunca foi tão falado como este ano.
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Nunca antes na história do Mundial feminino a competição foi tão divulgada. O campeonato começou na passada sexta-feira, em França, com a equipa anfitriã a golear a Coreia do Sul com quatro bolas a zero. Esta é apenas a oitava edição do torneio para as mulheres. Houve muitas mudanças, mas não foram as suficientes. Há mais patrocínios, mais dinheiro em jogo, transmissão em direto, mas nada que se compare ao Mundial masculino de futebol.

Há vários recordes neste Mundial. Ainda em abril, foi batido o recorde de número de bilhetes vendidos desde que foi criado o campeonato mundial feminino, em 1991. As entradas para a final, semifinais e a partida de estreia da seleção francesa esgotaram em menos de 48 horas. A FIFA espera alcançar uma audiência de mil milhões de pessoas em 135 países, e as estimativas são modestas.

As polémicas e os boicotes

A atual equipa campeã - a norte-americana - está neste momento a processar a Federação de Futebol dos EUA, alegando discriminação de género. O sindicato das jogadoras australianas também exige um aumento do prémio em dinheiro, muito longe dos valores pagos no campeonato mundial masculino.

A federação dobrou o valor dos prémios em relação à última edição, mas a quantia não chega a 1% do montante destinado às equipas masculinas em 2018.

A melhor jogadora do mundo, a norueguesa Ada Hegerberg, não participa no Mundial este ano devido à forma como as equipas femininas são tratadas pelos líderes do futebol - e a questão do dinheiro é um dos pomos da discórdia.

No entanto, há quem esteja a fazer mea culpa e a dar mais atenção ao Mundial das mulheres. As marcas perceberam o potencial da competição e desta vez juntaram-se ao torneio. A Adidas patrocinou equipamentos e decidiu igualar o prémio que é oferecido às campeãs com aquele que oferece aos vencedores homens.

O Brasil também parece ter acordado para a bola no pé das mulheres. Pela primeira vez, todos os jogos da seleção brasileira serão transmitidos pela Globo. "Muita gente só está a descobrir agora que existe uma Copa feminina", afirma Juliana Cabral, capitã do Brasil no Mundial de 2003. "A exposição em televisão aberta é um ponto de virada [viragem] importante. Contribui para mudar a visão das empresas sobre a modalidade. Antes, o futebol feminino era enxergado como um bando de mulher correndo atrás da bola, não como um produto", disse a ex-jogadora, citada pelo El País.

Este fim de semana jogaram ainda as equipas da Alemanha e China (1-0), Espanha e África do Sul (3-1) e Noruega e Nigéria (3-0).

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