Mundial 2006, um torneio resultadista
Em Berlim, o muro não caiu: a defensiva Itália venceu uma França em fim de ciclo e sagrou-se campeã mundial a 9 de Julho de 2006. Ficava sublinhado o cariz do Mundial da Alemanha: foi um torneio mais resultadista do que espectacular. Exemplos: Cannavaro, um defesa conhecido como o “muro” (pela eficácia a parar ataques) foi eleito o melhor jogador do torneio; Zidane, o esteta, o Nureyev do futebol, saiu cabisbaixo da final – cabeceou Materazzi e foi expulso no último jogo da carreira. E Portugal? Não resistiu ao estilo atlético da Alemanha e caiu nas meias-finais.
A imagem do futebol pouco entusiasmante ficou ainda carregada por outro simbolismo: o falhanço do Brasil, eliminado pela França nos quartos-de-final. Ou seja, não era época de samba, alegria e efusividade; era de pragmatismo, da superioridade da táctica sobre a improvisação. E só com este cenário já a Itália seria favorita, mas depois, dentro do relvado, a apurada cultura italiana fez o resto. Final incluída, frente a uma França que tentou prolongar a vida das suas vedetas em fim de carreira (Zidane, Thuram, Vieira, etc).
Pelo caminho, cá, em Portugal, houve muita euforia. E mais um jogo com a Inglaterra resolvido pelas mãos de Ricardo nos penáltis. Num jogo (quartos-de-final) em que Wayne Rooney foi expulso por pisar Ricardo Carvalho e se gerou uma enorme polémica por Cristiano Ronaldo ter pressionado o árbitro a expulsar o colega de equipa no Manchester United.
De resto, foi a festa que um Mundial de futebol é sempre. Sobretudo para países como Angola e Togo, estreantes. Os palancas negras quase conseguiram, mesmo, passar a primeira fase, em que encontraram – e perderam – Portugal. Um encontro histórico três décadas depois da independência do país africano do colonizador europeu. Foi uma festa da lusofonia: pela primeira vez, um Mundial contava com três países de língua portuguesa (Portugal, Brasil e Angola).