Mulheres do PS reivindicam um "governo paritário"
O secretariado nacional das Mulheres Socialistas quer um "governo paritário" e apelou, em carta enviada a António Costa, que seja aprofundada "a paridade nos cargos de decisão política" e que seja conferida "centralidade à temática da igualdade na orgânica" do futuro executivo.
A moção também pede à "futura liderança da bancada parlamentar" - que deverá ser entregue, como o DN noticiou, mais uma vez a Ana Catarina Mendes [Edite Estrela deverá ser indicada para presidir à Assembleia da República] - "que proponha presidências paritárias para as comissões atribuídas ao PS".
Até agora, António Costa somente tem revelado a intenção de ter um governo "mais curto e mais enxuto (...) uma task force para a recuperação", que deverá estar concluído na semana que se inicia a 20 de fevereiro, ou como explicou em dezembro, do ano passado, um novo modelo [de Governo] mais adequado aos tempos desafiantes que temos pela frente e com competências mais transversais, sendo mais compacto."
O ainda atual com 19 ministros e 50 secretários de Estado foi, na altura, justificado pelo primeiro-ministro com esta frase: "Os Governos não se medem em função do número de membros, mas devem ter uma orgânica ajustada ao programa do Governo e às prioridades do país ". Mas foi de todos os governos constitucionais, o que mais mulheres elegeu para o cargo de ministra.
No manifesto divulgado, antes das eleições legislativas, as Mulheres Socialistas reivindicaram "lideranças 50/50 a todos os níveis da decisão política, social e económica".
No documento foram destacadas várias medidas a serem concretizadas, nomeadamente o reforço do combate à discriminação salarial em razão do sexo, o aumento do salário mínimo e do subsídio de desemprego, o alargamento da dedução fiscal a partir do segundo filho, gratuitidade das creches e a redução do horário de trabalho para a mãe ou pai cuidador de filhos menores de 12 anos ou com deficiência.
Elza Pais, presidente das Mulheres Socialistas, considera que como "somos uma sociedade paritária, 52% até são mulheres, não faz sentido que sendo as mulheres altamente qualificadas, 60% dos licenciados são mulheres, 60% dos doutorados são mulheres, não haja o equivalente nos órgãos de representação política. Enquanto não atingirmos a proporção absoluta de 50/50 e a alternância de género nos dois primeiros lugares nas listas, a justiça ainda está por cumprir."
O manifesto sugere isso mesmo, que haja uma alteração das leis que consagrem esta "igualdade" e que "os orçamentos" tenham "impacto de género".
Dito de outra forma: reestruturar receitas e despesas com o "objetivo de promover a igualdade entre mulheres e homens".