Movimento cívico diz que a tourada à corda não é "digna" de classificação da UNESCO
O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia dos Açores (MCATA) considerou hoje que a tourada à corda não é "digna" de figurar como Património Cultural Imaterial da UNESCO, acrescentando que vai procurar "travar" qualquer tentativa de classificação.
"O MCATA não deixará de desenvolver os seus esforços, quer junto de todos os movimentos de defesa dos animais a nível nacional e internacional, bem como junto da UNESCO e do Comité dos Direitos da Criança da ONU com o objetivo de denunciar a verdadeira natureza das touradas à corda e travar qualquer tentativa de classificação da mesma baseada em informações falsas", frisou o movimento, num comunicado de imprensa.
A Associação de Mordomos das Festas Tradicionais da Ilha Terceira apresentou, em maio, um livro que resumia os motivos pelos quais considerava que a tourada à corda, manifestação taurina com maior expressão na ilha Terceira, deveria ser elevada a Património da Humanidade da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Esta semana, a Direção Regional da Cultura afirmou que dará o seu apoio à candidatura, desde que a associação avance primeiro com a uma inventariação da tourada à corda, com vista à integração da manifestação no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
Para o MCATA, a tentativa de classificar a tourada à corda não passará de uma "absurda perda de tempo e recursos" que poderiam ser mais bem utilizados "em prol da evolução cultural dos açorianos".
"É uma tradição associada à crueldade contra animais que, ao contrário do que é afirmado pelos promotores, frequentemente se traduz no ferimento e também na morte dos mesmos. Assim sendo, é contrária a vários documentos internacionais que condenam os maus tratos aos animais e colide frontalmente com os princípios definidos na Declaração Universal dos Direitos dos Animais", salientou o movimento.
O MCATA alegou que "parte significativa da população não só não se identifica como repudia as diversas modalidades tauromáquicas", acrescentando que a tourada à corda é responsável todos os anos pela morte de alguns participantes e de "cerca de 300 feridos".
O movimento salientou ainda que a presença de crianças nas touradas à corda "contraria a recomendação, de 2014, do Comité dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas para afastar as crianças da tauromaquia".
Na ilha Terceira, nos Açores, ocorrem mais de 300 touradas à corda por ano, uma manifestação em que o touro, em vez de ser lidado numa praça, corre num percurso limitado na rua, segurado por uma corda.