Motos de água. Um superdivertimento com muitas obrigações
Fossem todas as decisões humanas tomadas de forma racional e, provavelmente, nenhum indivíduo compraria uma moto de água em Portugal. As restrições de utilização são muitas, é preciso tirar uma carta especial para a conduzir e o custo ainda é grande.
Mas a paixão não é racional. Felizmente. E quando a emoção fala mais alto, parece que tudo vale a pena. Quanto ao custo... surge agora uma solução elétrica que, apesar de ser um investimento inicial enorme, a longo prazo poupa-se no consumo de combustível. Por outro lado, permite evitar todos os problemas de ruído que os tradicionais jet-skis trazem (ler mais à frente).
O que a lei obriga para ter uma moto de água? Desde logo, carta de navegador recreio, pelo menos. Pense no Jet-ski como num automóvel ligeiro. Se vai com ele para a estrada, neste caso, para a água, tem de ter carta. E também precisa de ter seguro, já agora...
Além disso, fique sabendo que, segundo o Decreto-Lei nº 124/2004, de 25 de maio, que regula as motas de água, estas embarcações de recreio -- do tipo 5 -- só podem navegar até uma milha da linha de baixa mar e entre o nascer do sol e uma hora antes do pôr do sol. Como a regra geral é "quem pode o mais. pode o menos", se já possui carta de marinheiro está também habilitado a pilotar uma moto de água.
Quem emite a carta é a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), que disponibiliza no seu site a lista de entidades formadoras.
Na escolha do seu modelo de jet-ski, opte sempre por um que tenha motor a 4 tempos. Mesmo que lhe apareça, no mercado de usados, por exemplo, uma boa pechincha com motor a 2 tempos, pense bem. É que estes aparelhos são, desde 2006 (Portaria n.º 127/2006), proibidos de navegar nas albufeiras.
Mesmo comprar um modelo que, em teoria, possa navegar em albufeiras não é garantia de que na realidade lhe seja permitido fazê-lo, uma vez que a Portaria n.º 783/98 (revista pela referida portaria de 2006), prevê que, caso a caso, cada autoridade local tenha competência para proibir a navegação de motos de água. Por isso, terá sempre de verificar o caso concreto.
O bom senso (e o civismo) já exigiriam, mas seja como for, a lei impõe que não se ande de moto de água a uma distância inferior a 300 metros da praia, pelo menos. Sendo que este espaço pode a qualquer momento ser ampliado por questões ambientais pelas autoridades competentes.
Também é interdita a utilização destes aparelhos em fundeadouros, os locais próprios para as embarcações ancorarem.
Todas as ditas dificuldades são superáveis com alguma paciência e vontade. Depois, só é preciso ter poder de compra...
Grosso modo, uma moto de água nova tem preços entre os 10 mil e os 25 mil euros, dependendo da potência e, naturalmente, dos acessórios escolhidos.
A este preço terá, obviamente, de acrescentar o custo do reboque para a transportar no seu carro (serão mais uns 300 ou 600 euros, consoante o peso da moto).
A maior reclamação de quem assiste a uma destas máquinas em funcionamento é o ruído que fazem. Mas isso pode estar em vias de extinção, com a eletrificação. Por um preço...
Vem da Hungria o primeiro jet-ski totalmente elétrico. Narke, the Electrojet é uma moto de água de luxo, totalmente feita à mão, que é baseada num motor a baterias de lítio capaz de debitar 95 cavalos.
É um facto que esta potência fica muito aquém dos duzentos e tal anunciados por outros fabricantes, como a Yamaha, a Kawasaki ou a See-Doo, mas aqui o que essencialmente conta é.... o silêncio.
Os 75 km/h de velocidade máxima atingida são conseguidos sem ruído de motor. No passeio estão só o piloto, o(a) passageiro(a), a natureza e a velocidade. Que maior prazer se pode querer?
Isto, desde que se tenha uns 48 mil euros para se fazer a encomenda... Porque o luxo nunca sai barato.
Se o objetivo é só dar uns passeios de verão, alugar simplesmente umas voltinhas de moto de água pode bem ser uma solução mais sensata. Há várias empresas que se dedicam a esta atividade, pelo país fora. A Odisseias reúne umas quantas no seu site.
Além de permitir a experiência por um preço comportável, a opção de alugar um passeio tem ainda uma vantagem relativamente à documentação exigida: uma vez que o percurso é (pelo menos em teoria) feito sempre sob supervisão de uma pessoa credenciada, não é preciso ter carta de marinheiro ou de navegador.
Quem sabe, depois de experimentar, pode ser que não queira outra coisa e vá mesmo tirar uma destas licenças e começa já a poupar.... Para o ano compra mesmo uma moto de água só para si -- e para todos os novos amigos que vai de repente fazer.