Sindicato reunido com ministro. Futuro da greve em suspenso
O presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Privadas, Francisco São Bento, e o assessor jurídico, Pardal Henriques, já entraram para uma reunião a convite do Ministério das Infraestruturas, tutelado pelo ministro Pedro Nuno Santos. À entrada, o sindicato afirmava que a greve só irá ficar suspensa caso estejam todas as partes deste conflito.
Francisco São Bento afirmou aos jornalistas que aceitaram o convite do Ministério e que vão "verificar se há condições para negociar". Considera, no entanto, que são "boas notícias". Desconhece-se, para já, se a Antram, associação que representa os patrões vai estar na reunião no Ministério das Infraestruturas.
Em comunicado, e quatro horas depois de ter garantido que não iria levantar a greve, o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas deu o dito por não dito e anunciou a disponibilidade para a sua suspensão. A justificação foi a de que terá sido nomeado um mediador da Direção Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT) para dar início às negociações com a Antram.
"O SNMMP - Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas - considera que face à nomeação, hoje, de um mediador da DGERT para dar início às negociações com a Antram, entendeu que estão criadas as condições necessárias para todas as partes se sentarem à mesa", diz o sindicato, em comunicado.
"Queremos deixar claro ao país e às partes que sempre estivemos de boa-fé neste processo, anunciamos, desde já, a suspensão temporária da greve a partir da hora de início da reunião a ser convocada pelo Governo, suspensão essa que produzirá os seus efeitos até ao Plenário Nacional de Motoristas de Cargas Perigosas, marcado para o próximo domingo", escreve o Sindicato.
Quatro horas antes deste anúncio, o presidente do Sindicato, Francisco São Bento garantia que a paralisação era para manter "até que se chegue a uma conclusão" e recusava a ideia de isolamento, depois de o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias ter chegado a acordo com a Antram e abandonado a luta.
"Não estamos isolados. Temos os trabalhadores mobilizados. Não se deixam vergar. Estamos aqui duros como o aço", disse esta manhã de sexta-feira o presidente do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas, Francisco São Bento.
O responsável sindical demarcava-se assim da decisão do Sindicato dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que também tinham aderido à greve, e que na quinta-feira à noite chegaram a acordo com a Antram, a associação patronal do setor. Francisco São Bento reconheceu não saber as razões da desistência do SIMM, mas garantiu que no caso dos motoristas a paralisação é para manter.
Francisco São Bento recusava aí a ideia de negociar com a Antram suspendendo a greve. "Vamos continuar até que se chegue a uma conclusão", garantiu. Admitiu ao mesmo tempo quea greve "poderá durar uma semana, um mês, um ano se for necessário".
O responsável sindical - que deu a cara em vez do habitual porta-voz do Sindicato, Pedro Pardal Henriques - frisou que as condições dos motoristas de matérias perigosas estão sobre a mesa. "Vamos negociar". Até lá, entende que "não é teimosia manter a greve", que só será desconvocada quando o que reivindicam for atendido.
O sindicato enviou na quinta-feira à noite, precisamente no dia em que a outra estrutura sindical chegou a acordo com a Antram, um requerimento a pedir a mediação do governo. "Falta agora o governo fazer a sua parte, sentar a Antram à mesa". O sindicalista lembrou que se a mediação, figura que está prevista no Código do Trabalho, avançar poderão ser feitas reuniões bipartidas, entre governo e Antram e governo e o sindicato.
Na quinta-feira à noite, após o acordo com o SIMM, o ministro Pedro Nuno Santos congratulou-se publicamente e fez um apelo aos motoristas de matérias perigosas: "Tivemos ontem [quarta-feira] um dia importante, um acordo histórico entre a Antram e a Fectrans, hoje tivemos o SIMM", afirmou Pedro Nuno Santos.
"A Fectrans escolheu a via negocial e conseguiu resultados, o SIMM decidiu-se pela via negocial e pretende também conseguir avanços, falta o SNMPP. Fazemos o apelo para que o sindicato de matérias perigosas desconvoque a greve. Como sempre dissemos, a via para resolver o problema é o diálogo. E obviamente que a via negocial implica a desconvocação da greve. É assim nesta, é assim em todas as greves, é assim em Portugal" e noutros países".
Pedro Nuno Santos frisou que "o país inteiro espera o fim da greve. Esta greve é má para todos, é má para os patrões, para as empresas, para os motoristas, para todo o povo português." Fim da greve que os motoristas, para já, rejeitam.