Morsi condenado à pena de morte, Mubarak pronto para ser libertado
Quatro anos depois da chamada Primavera Árabe, o primeiro presidente civil democraticamente eleito no Egito, Mohamed Morsi, foi ontem condenado à pena de morte por um tribunal do país. Morsi pode recorrer e a pena capital está ainda sujeita a um parecer final de mufti Shawqi Allam, embora este não seja vinculativo. A decisão definitiva é esperada a 2 de junho. Organizações de direitos humanos como a Amnistia Internacional, a Irmandade Muçulmana e o presidente turco já contestaram a sentença do tribunal. E diplomatas ocidentais referidos pela Reuters consideraram que executar Morsi será um suicídio político para as atuais autoridades egípcias, lideradas pelo general Al-Sisi, presidente do país e líder do golpe de Estado que em 2013 derrubou Morsi.
"Este é um veredicto político, representa um crime de homicídio que está prestes a ser cometido e que deve ser travado pela comunidade internacional", disse à Reuters, em Istambul, Amr Sarrag, cofundador do dissolvido Partido da Liberdade e Justiça - ala política da Irmandade Muçulmana. Este grupo islâmico foi legalizado por Morsi depois de ter sido excluído durante décadas por Hosni Mubarak - cujo regime foi derrubado pela chamada Primavera Árabe. Após o golpe do general Al-Sisi, a Irmandade Muçulmana foi classificada como grupo terrorista, a maioria dos seus líderes presa e muitos dos seus apoiantes mortos.
Num comício realizado também em Istambul o presidente da Turquia, Recep Erdogan, acusou o Ocidente de "fechar os olhos" ao golpe de Estado de 2013 que afastou Morsi do poder e afirmou: "O presidente eleito pelo povo do Egito foi infelizmente condenado à morte. O Egito volta ao Egito antigo".