Morreu Yves Bonnefoy, o mais célebre poeta francês contemporâneo
Assinou mais de cem obras. Foi poeta, ensaísta, tradutor e professor no Collège de France. Yves Bonnefoy, o mais célebre poeta francês contemporâneo, morreu na sexta-feira em Paris, aos 93 anos, noticiam os media franceses
Foi por várias vezes indicado para o prémio Nobel da Literatura, foi galardoado em França com o grande prémio da poesia da academia (1981), com o prémio Goncourt (1987) e com o prémio mundial Cino del Duca (1995).
Yves Bonnefoy nasceu a 24 de junho de 1923 em Tours, no centro-oeste de França. Foi para Paris estudar Matemática, de onde a Literatura o tiraria. Publicou a sua primeira obra aos 31 anos, a antologia de poemas Du mouvement et de l"immobilité de Douve. Um dia depois da sua morte, recorda-se um dos versos que compõem essa obra de 1954: Il te faudra franchir la mort pour que tu vives (Para que vivas é preciso que ultrapasses a morte).
O poeta traduziu Shakespeare, Yeats, John Donne, Keats, Petrarca e Leopardi. Não se limitou a traduzir, também escreveu diversos ensaios sobre esse trabalho, que considerava próximo da criação poética. Escreveu muito sobre poetas e conterrâneos seus como Rimbaud, Baudelaire ou Mallarmé, mas também sobre artistas como Picasso ou Giacometti.
Bonnefoy era um poeta do real, que começou por conhecer a poesia através de surrealistas como André Breton, mas afastou-se deles.
Um livro de infância que pertencia a Bonnefoy, conta o Le Monde, guarda uma dedicatória de uma tia, que ali escreveu: "Ao meu afilhado e sobrinho, futuro poeta." Estava certa.
Este ano, Bonnefoy ainda publicou o livro L'écharpe rouge. Astrid de Larminat escrevia sobre este no Figaro Littéraire, dizendo que poeta, com o seu "verbo de uma clareza e de um vigor inteiros, debruça-se com uma ternura desarmante sobre quem foram os seus pais".
Nas redes sociais francesas, foram muitos os que, ontem e hoje, citaram versos e passagens de Bonnefoy. A ministra da Cultura e da Comunicação francesa, Audrey Azoulay, afirmou em comunicado de imprensa que "o mundo literário perdeu uns dos seus grandes poetas", citava o Le Figaro.