Morreu o treinador Vítor Oliveira, o rei das subidas de divisão
Vítor Oliveira era conhecido no futebol português como o rei das subidas de divisão, feito que conseguiu por 11 vezes ao longo da carreira. Atualmente, estava sem clube depois de na época passada ter orientado o Gil Vicente no regresso da formação de Barcelos à I Liga.
O treinador de 67 anos sentiu-se mal durante uma caminhada e acabou por falecer, tendo ainda sido assistido no local e levado para o hospital Pedro Hispano. Segundo a TVI, estação de televisão onde era atualmente comentador, Vítor Oliveira terá tido um ataque cardíaco durante um passeio na praia.
O treinador começou a construir a sua imagem de "rei das subidas de divisão" no Paços de Ferreira, na temporada 1990/91. Seguiram-se mais três nos anos 90, todas de forma consecutiva: Académica (1996/97), União de Leiria (1997/98) e Belenenses (1998/99). Na viragem do século, subiu o Leixões (2006/07), antes de mais cinco promoções consecutivas - Arouca (2012/13), Moreirense (2013/14), União da Madeira (2014/15), Desportivo de Chaves (2015/16) e Portimonense (2016/17).
A última foi novamente com a equipa de Paços de Ferreira em 2018-2019, na sexta vez que foi campeão da II Liga, repetindo o feito de 1990/91, 1997/98, 2006/07, 2013/14 e 2016/17.
Numa entrevista em 2015, Vítor Oliveira explicou o porquê de fazer carreira na II Liga, ao invés de seguir o percurso das equipas que sobe. "Às vezes é melhor estar na II Liga a jogar para subir, do que estar na I Liga a perder e a desgastar-se. Nessas duas propostas, acho que prefiro uma equipa da II. Gosto de futebol e de treinar, independentemente de ser na I ou na II. Mas bom mesmo é estar na I Liga", observou.
Noutra entrevista, em 2017, ao Tribuna do Expresso, confessou que há muito tinha perdido a ilusão de poder trabalhar num dos três grandes do futebol português: "Houve fases em que, como todos os treinadores, também aspirava a ter a possibilidade de chegar a um grande. Mas não cheguei. Provavelmente é verdade que haveria pessoas mais competentes do que eu nessas alturas para assumir essas equipas. Mas não tenho qualquer mágoa nem nunca fiquei a pensar que poderia ter sido eu e porque é que foi aquele. Nunca tive grandes expectativas. E a verdade é que trabalhei sempre onde quis. Foi uma das grandes virtudes que tive na carreira. Nunca estive em lado nenhum contrariado. Isso manteve-me sempre feliz no futebol, porque quando trabalhamos onde queremos, fazemos o que gostamos e ainda por cima somos bem pagos, penso que é muito bom para qualquer pessoa que trabalhe. Eu tive essa felicidade. E onde não gostava de estar ia-me embora."
Nessa mesma entrevista confessou que sabia que quando quando era contratado por um clube da II Liga não havia outra conversa. "Se me abordam é com a intenção de subir", indicou, contudo também que assinava sempre contratos só de um ano: "Porque com um contrato de um ano, podemos avaliar se estamos todos satisfeitos e renovar. Sem problemas, E eu já renovei vários contratos e inclusive já saí e já voltei a alguns clubes. Mas quando uma das partes não está satisfeita, acaba o contrato e cada uma das partes segue o seu caminho", explicou.
Como jogador, Vítor Oliveira que nasceu em Matosinhos (era filho de um pescador e de uma peixeira) começou no clube da terra, o Leixões, onde se formou. Passou ainda pelo Paredes, Famalicão, Sp. Espinho, Sp. Braga e Portimonense, onde terminou a carreira.
O Leixões já reagiu à notícia da sua morte, dizendo que o clube está de luto e ficou muito mais pobre.
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Aos 31 anos, Vítor Oliveira estreou-se no banco do Portimonense, por indicação de Manuel José, que entretanto rumou ao Sporting -- quando foi convidado para o cargo até pensou que o presidente do clube algarvio lhe ia oferecer a renovação de contrato como jogador.
Seguiram-se quase mais uma vintena de clubes, alguns na I Divisão, como foram os casos das aventuras no Gil Vicente, V. Guimarães, Sp. Braga, Portimonense, entre outros. O melhor que conseguiu foi um sétimo lugar, proeza que alcançou com o Portimonense, logo no seu ano de estreia.
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Outras equipas também já enviaram condolências.
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Esta é uma semana negra para o futebol português e o mundial, com as mortes do histórico dirigente do FC Porto Reinaldo Teles e da lenda argentina Diego Maradona na quarta-feira, um dia depois do ex-guarda-redes do Benfica José Bastos.
A Liga anunciou que, em homenagem aos quatro, haverá um minuto de silêncio nas competições profissionais.
A presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, lembrou o treinador como "um dos filhos da terra", que lhe atribuiu a medalha de valor desportivo da cidade.
Endereçando as condolências a família e "toda a comunidade que acompanhou o percurso" do ex-jogador e técnico, Luísa Salgueiro lembrou a infância "passada a jogar futebol na praia" que o levou ao Leixões, clube daquela cidade do distrito do Porto.
A promoção dos leixonenses, em 2007, é um dos feitos elencados pela autarca, que lhe elogia "a paixão e talento", assim como as 11 subidas de divisão. "Por este percurso profissional impressionante, a Câmara de Matosinhos, no âmbito do primeiro Congresso do Senhor de Matosinhos, decidiu atribuir-lhe a medalha de valor desportivo, no ano passado", lembrou, numa publicação na rede social Facebook.
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