Morreu o filósofo François Garaudy aos 98 anos
O filósofo Roger Garaudy, antigo líder dos intelectuais comunistas franceses e figura do negacionismo do Holocausto, morreu na quarta-feira na região parisiense com 98 anos, informaram hoje fontes da câmara de Chennevières e dos serviços funerários.
Autor do livro 'Os mitos fundadores da política israelita' (1996), foi condenado dois anos mais tarde por contestação de crimes contra a Humanidade, após ter provocado uma viva polémica.
A sua obra foi saudada pelo regime islâmico iraniano, pelo antigo dirigente líbio Muammar Kadhafi, pelo responsável do movimento xiita libanês Hassan Nasrallah e pelas autoridades sauditas.
Num perfil divulgado hoje, intitulado "Desaparecimento de Roger Garaudy, de Estaline a Maomé", o diário comunista Humanité saúda aquele que "desempenhou, para um número elevado de intelectuais comunistas da época estalinista, o papel hoje totalmente impensável de filósofo oficial" do Partido Comunista Francês.
Nascido a 17 de julho de 1913 em Marselha (sul) numa família protestante, Roger Garaudy converteu-se ao catolicismo e depois ao Islão nos anos 1980.
Professor de Filosofia e doutor em Letras, aderiu ao Partido comunista em 1933. Detido em 1940, esteve 30 meses num campo na Argélia. Em 1945, entrou para o comité central do partido e em 1956 para a comissão política.
Em 1945 foi eleito deputado e em 1951 perdeu o cargo. Foi reeleito para a Assembleia Nacional (1956-58) e depois para o Senado (1959-62).
No final dos anos 1960, torna-se o "enfant terrible" do Partido Comunista devido às suas tomadas de posição contestatárias. Depois de ter denunciado a normalização na Checoslováquia e qualificado o dirigente comunista da época George Marchais de "coveiro do PC", é excluído do partido em maio de 1970.