Morreu o ensaísta e crítico literário George Steiner

Era um dos maiores intelectuais do séc. XX. Tinha 90 anos
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O crítico e filósofo George Steiner morreu esta segunda-feira aos 90 anos na sua casa em Cambridge, Reino Unido, noticiou o New York Times, que cita o filho, David Steiner.

George Steiner, que nasceu em Paris em 1929, marcou a crítica literária no século XX, com mais de 30 anos a escrever para a revista New Yorker e várias obras de literatura comparativa sobre autores como Tolstoi e Dostoievski, bem como ensaios e ficção literária. Foi professor nas universidades de Princeton, Cambridge, Genebra, Oxford e Harvard.

Os pais de Steiner eram judeus austríacos que saíram do seu país em 1924 para escapar ao crescimento do nacional-socialismo, que também os levou a emigrar novamente de Paris para Nova Iorque em 1940.

O nazismo e o Holocausto foram temas dominantes na obra de George Steiner, que viveu fascinado com a linguagem e com o poder da literatura a par da sua impotência face a acontecimentos como o extermínio dos judeus durante a II Guerra Mundial.

"Espanta-me, por ingénuo que possa parecer às pessoas, que se possa usar a linguagem para amar, construir, perdoar, mas também para torturar, para odiar, para destruir e para aniquilar", afirmou em 1990 em palestras na Universidade de Glasgow (Escócia) vertidas em livro.George Steiner

A capacidade humana de escrever e falar era um dos seus temas prediletos. Foi nele que baseou a sua obra fundamental, publicada em 1967, Linguagem e silêncio. As suas reflexões envolviam um espectro que ia da religião à música, passando pela pintura e história.

"O grande, o subtil, o exigente George Steiner deixa uma vertiginosa obra de erudição iconoclasta, atormentada pela monstruosidade engendrada pela grande cultura europeia", reagiu o escritor francês Jacques Attali no Twitter, numa homenagem ao amigo.

"Com a morte de George Steiner, perdemos um grande pensador. A sua imensa erudição literária provocava felicidade em todos os o que o liam, ou escutavam", afirmou o ministro da Educação da França, Jean-Michel Blanquer.

O New York Times salienta que o escritor não era unânimo: "Os admiradores de Steiner consideravam a sua erudição e os seus argumentos brilhantes. Os seus detratores consideravam-no grandiloquente, pretensioso e com frequência inexato".

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