Morreu e escritora Maria Alberta Menéres
A morte de Maria Alberta Menéres foi hoje anunciada via Facebook pela sua filha, a cantora Eugénia Melo e Castro. A jornalista, poetisa e escritora portuguesa tinha 88 anos.
Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa lembra que a escritora, que morreu na sua residência em Lisboa, "marcou leitores de todas as idades".
"O seu nome ocupa um lugar de destaque na história da poesia portuguesa do século XX, seja enquanto autora, onde se destaca o livro Água de Memória, vencedor do Prémio do Concurso Internacional de Poesia Giacomo Leopardi, seja pela co-organização, em conjunto com o marido E. M. de Melo e Castro, da Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa, uma obra ímpar pelo rigor da seleção, pelo detalhe e completude da informação e pelo impacto que teve na poesia portuguesa contemporânea", lê-se numa nota de pesar enviada às redações pelo gabinete da Ministra da Cultura, Graça Fonseca.
Nascida a 25 de agosto de 1930, em Vila Nova da Gaia, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Foi um nome incontornável da literatura infantil e das iniciativas de promoção de leitura nos mais jovens. É autora de mais de 100 livros dedicados aos mais novos.
"O talento e a singularidade de Maria Alberta Menéres devem também ser recordados pela sua obra infantojuvenil. Foi através do seu Ulisses (1970) que muitas crianças e jovens tiveram o primeiro contacto com o grande clássico homérico. A sua obra nesta área foi, aliás, reconhecida, no seu conjunto, com o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens", lembra ainda Graça Fonseca.
No escalão infantojuvenil, assinou ainda a coleção 1001 Detetives, com Natércia Rocha e Carlos Correia, além de ser autora de obras como Um Peixe no Ar ou Um Camaleão na Gaveta.
De 1974 a 1986, dirigiu o Departamento de Programas Infantis e Juvenis da RTP. Em 1986 recebeu também o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens, pelo conjunto da sua obra literária. Nos anos 1990, seria nomeada Provedora da Justiça das Crianças.
Maria Alberta Menéres foi também a criadora do 'Pirilampo Mágico', a convite de José Manuel Nunes, para a RDP/ Antena 1. Durante seis anos escreveu as letras das canções dessa campanha solidária, que dura até hoje.
Foi professora de Língua Portuguesa e História entre 1965 e 1973, tendo em simultaneamente colaborado com diversos jornais - nomeadamente o DN.
Em 1975 adaptou para o português contemporâneo a obra "Peregrinação" (1614), de Fernão Mendes Pinto, que foi editada no Brasil.
Em 1986 recebeu o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças, "pelo conjunto da sua obra literária e manutenção de um alto nível de qualidade".
A autora fez traduções e adaptações, escreveu dezenas de peças de teatro, e publicou 15 livros de poesia para público em geral, que será em breve "totalmente reeditada e organizada pela Porto Editora, com o título 'Poesia Completa'", disse fonte da família à agência Lusa.
Na poesia, destaque para o prémio internacional Giacomo Leopardi, que recebeu em 1960. Um ano antes, tinha organizado com o marido, Melo e Castro, a Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa.
Maria Alberta Menéres foi agraciada em 2010 com o grau de comendadora da Ordem de Mérito.
"Mulher de um compromisso extraordinário e permanente com a educação e com a promoção do prazer da leitura, fez do dar a conhecer aos outros uma responsabilidade que ultrapassou a sua condição de escritora. Deu-nos a conhecer poesia, contos, histórias maravilhosas e fez, de quem a leu, melhor leitor", refere o comunicado da ministra da Cultura.