Montanha russa 

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No que concerne à oscilação dos preços praticados nos mercados, creio que se pode dizer que nos dias de hoje se assiste cada vez mais a uma verdadeira "montanha russa". Vive-se, assim, um rodopio complexo de incertezas que remontam ao início da pandemia, tendo-se agravado significativamente nas últimas semanas.

Foi este cenário de dubiez que levou os países do Sul da Europa a reunirem-se em Itália há uma semana. A Cimeira teve um propósito claro: concertar uma posição conjunta sobre o aumento dos preços da energia, estratégia essa que será apresentada no Conselho Europeu do próximo dia 24. Segundo o seu entendimento, é urgente definir um plano de ação para lidar com o novo paradigma energético.

Para já, o consumidor está a sentir maioritariamente estas flutuações no preço dos combustíveis e nas sucessivas correções contratuais envidadas pelas empresas de energia. Todavia, sem um plano estruturado a curto prazo é possível que esse sentimento se comece a exponenciar noutras áreas.

Não obstante o aumento do fluxo de informação sobre o assunto, os indicadores que compõem o preço de uma série de "commodities" são algo confusos. Já não bastasse, a questão ficou ainda mais anfigúrica: como baixar a carga fiscal e assegurar que essa alteração chega ao consumidor e não se perde a "meio do caminho"?

A certeza é que esta catadupa de aumentos (e ligeiríssimas reduções) no preço dos combustíveis e energia fomentam um considerável desequilíbrio nas contas das empresas e das famílias.

Por mais que a energia e combustíveis afetem a cadeia de valor no seu todo, também outras matérias-primas estão em elevadíssimas cotações.

Por exemplo, o setor da construção vive um período extremamente atípico. O custo de uma obra, tanto pela escassez de mão-de-obra como de matérias-primas, está em valores próximos do proibido. Esta excecionalidade está a implicar inúmeras rescisões contratuais, uma vez que é impossível executar um bom planeamento com estas réplicas constantes.

O mesmo se passa com alguns bens de primeira necessidade. Basta ir a um supermercado para perceber que o pão, carne, peixe ou leguminosas custam mais 20, 30 ou 50 por cento do que há dois anos.

A globalização trouxe oportunidades enormes às pequenas economias, como a nossa, mas também comporta desafios estruturantes quando, por exemplo, há um "crash" financeiro ou uma guerra que se inicia.

Estas são fases em que Portugal terá de continuar o seu trilho resiliente, contando com a habitual estabilidade política e social, que é o mesmo que dizer boa governança. E para além desses importantes ingredientes, há um que os supera: o trabalho árduo de todas e todos os portugueses.

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