Mo Mowlam: A artesã da paz na Irlanda do Norte
Marjorie "Mo" Mowlam ficará na História como a ministra que tornou possível, em 1998, a assinatura do Acordo de Sexta-feira Santa, que pôs fim às hostilidades entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte . Mas na memória dos britânicos ficará também a imagem de uma mulher que lutou com coragem contra um tumor no cérebro enquanto se tornava numa das mais populares e respeitadas figuras da vida política do Reino Unido. Mo Mowlam morreu ontem, com apenas 55 anos, num hospital londrino.
Eleita deputada em 1987 por Redcar, no nordeste de Inglaterra, Mo Mowlam irá ocupar, dez anos depois, o lugar de ministra para a Irlanda do Norte na primeira vitória de Tony Blair. Um ano mais tarde, após árduas negociações, consegue a assinatura do acordo de paz. Nessa altura, já era público que o aumento de peso e a queda do cabelo se deviam ao tratamento do tumor e os media, que antes criticavam o seu aspecto, transformaram-na numa heroína.
A sua popularidade chegou mesmo a ofuscar o primeiro-ministro quando, na conferência anual do Labour, em 1998, recebeu uma enorme ovação em pleno discurso de Blair. Apesar do apoio popular, Mo Mowlam começou contudo a ser criticada pelos unionistas na Irlanda do Norte e em 1999 foi substituída no cargo por Peter Mandelson. Dois anos depois, abandonou o lugar na Câmara dos Comuns. Mais tarde, criticou o envolvimento britânico no conflito do Iraque, denunciando-o como uma guerra "ofensiva e não defensiva".
Ontem, o primeiro-ministro Tony Blair recordou Mo Mowlam como "uma grande companheira, extremamente irreverente, cheia de vida e encanto", com uma "personalidade notável". A antiga ministra foi hospitalizada há semanas, após uma queda em casa, da qual nunca recuperou a consciência. Em testamento, Mo Mowlam tinha deixado expresso o desejo de não ser mantida viva artificialmente.