Adolescente diz que descobriu cidade maia, mas peritos duvidam

Teoria do rapaz de 15 anos teria sido comprovada por imagens de satélite. Especialistas dizem que são campos de milho
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Parece simples. E se calhar é mesmo. Um adolescente de 15 anos do Quebeque estabeleceu uma relação entre as constelações maias e a localização das cidades desta civilização e, assim, alegadamente descobriu uma cidade até agora desconhecida. Mas há peritos no assunto que duvidam desta descoberta e que consideram a teoria um disparate.

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Segundo as informações avançadas pelo Le Journal de Montréal no sábado passado, a teoria do quebequiano William Gadoury, de 15 anos, já foi constatada por diferentes satélites de várias agências espaciais, que detetaram vestígios de uma pirâmide e cerca de três dezenas de edifícios num local remoto e inacessível na península de Iucatão, no México, no sítio indicado pelo adolescente. Trata-se, aliás, segundo a mesma fonte, de uma das cinco maiores cidades da civilização maia, a qual foi batizada de K'ÀAK' CHI, que significa "Boca de Fogo".

O adolescente "limitou-se" a analisar as 22 constelações maias e apercebeu-se que a cada estrela correspondia uma localização de cada uma das 117 cidades desta civilização. Além disso, decidiu analisar uma 23.ª constelação, a qual tinha três estrelas, mas às quais apenas correspondiam duas cidades no mapa. Concluiu então que a lógica seria existir uma cidade, a 118.ª, no local correspondente à terceira estrela.

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William Gadoury tornou-se uma estrela na NASA, na Agência Espacial canadiana, onde fez uma apresentação das conclusões em 2014, e até na japonesa, graças à sua descoberta. A Agência Espacial Canadiana, ainda ontem, divulgava no Twitter mais uma notícia acerca da descoberta do adolescente.

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Só que por essa altura já havia quem se insurgisse contra a notícia, que foi replicada em todo o mundo. David Stuart, um antropólogo da Universidade do Texas, Estados Unidos, escreveu no Facebook que estas informações são falsas. Disse que tentou ignorar, mas ao ver a história na BBC decidiu que deveria dizer alguma coisa. "É tudo uma confusão - um terrível exemplo de ciência-lixo que atinge a internet em queda livre", defendeu, garantindo que aquilo que se vê nas imagens não é uma cidade maia mas sim um antigo campo de milho usado na Mesoamérica e conhecido como milpa.

Um outro antropólogo, da USC Dornsife, citado pelo Gizmodo, também acredita que se trata de um campo de milho pela sua forma retilínea e pela vegetação vistas nas imagens. No entanto, Thomas Garrison, elogia o entusiasmo e o esforço do adolescente e manifesta o desejo de que este prossiga os estudos na universidade "para que a sua próxima descoberta faça sentido".

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No mesmo site, Ivan Šprajc, do Centro Antropológico e de Estudos Espaciais da Eslovénia, diz duvidar que as estrelas das constelações possam revelar a localização das cidades maias.

O adolescente do Quebeque começou a interessar-se pela civilização maia após a publicação do calendário maia que anunciava o fim do mundo em 2012.

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Ao consultar o Códice Maia de Madrid, encontrou as 22 constelações. Depois, num outro livro de referência sobre a civilização maia encontrou referência a uma 23.ª constelação.

(texto atualizado às 16h00 de dia 11, com informação acerca das dúvidas suscitadas pelos peritos)

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