Ministro da Saúde alemão sob suspeita de negócios ilegais com a empresa do marido

A empresa do marido do ministro da Saúde da Alemanha vendeu mais de meio milhão de máscaras FFP-2 ao ministério dirigido pelo cônjuge, revelou a <em>Der Spiegel</em>.
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Adensam-se os casos de políticos dos partidos democratas-cristãos CDU-CSU envolvidos em negócios pouco claros relacionados com a pandemia, na véspera da reunião da chanceler Angela Merkel com os líderes das regiões para decidir a estratégia do combate à covid-19, que deverá passar pela continuidade das restrições.

Segundo a Spiegel, o ministério chefiado por Jens Spahn comprou no ano passado 570 mil máscaras de proteção à empresa Burda, a qual é gerida em Berlim por Daniel Funke, marido do ministro. Um porta-voz da empresa disse que Funke não esteva envolvido no acordo.

O ministro tem sido alvo de pedidos de demissão devido aos números da pandemia e à dificuldade em avançar com a vacinação.

O caso podia não fazer soar os alarmes, mas junta-se a uma série de suspeitas sobre membros da CDU-CSU em negócios feitos à conta da covid-19.

Também no domingo o ex-ministro da Justiça da Baviera Alfred Sauter renunciou a todos os cargos na CSU ao saber-se que está a ser investigado por corrupção relacionada com contratos de aquisição de máscaras. No mês passado, o deputado da CSU Georg Nuesslein foi colocado sob investigação, suspeito de ter aceitado cerca de 600 mil euros para fazer lóbi para um fornecedor de máscaras.

Já o deputado da CDU Nikolas Loebel é suspeito de ter atuado como intermediário em contratos de máscaras e ter embolsado 250 mil euros. Por fim, na quinta-feira, Tobias Zech, deputado da CSU, demitiu-se por alegações de corrupção.

As alegações de corrupção custaram caro aos conservadores, que nas duas eleições regionais (Baden-Wuerttemberg e Renânia-Palatinado) tiveram os piores resultados de sempre em ambos os Estados.

A seis meses das eleições legislativas, e com os números de infeções por covid-19 a subirem, o governo chefiado por Angela Merkel deverá manter as restrições, quando parte da população mostra nas ruas o desagrado pelo confinamento, como aconteceu no sábado em Kessel.

A chanceler reúne-se nesta segunda-feira com os líderes estaduais para discutir a estratégia a ser tomada. Estava previsto que a reunião fosse dedicada à flexibilização do confinamento parcial, mas a agenda mudou devido à disseminação da variante britânica do vírus.

No documento preparatório do encontro, ao qual a AFP teve acesso, menciona-se uma "dinâmica exponencial" das infeções e como tal várias regiões pedem que as restrições em vigor no país, em teoria até ao final de março, sejam "prorrogadas" em abril. A data exata será determinada na segunda.

A taxa de incidência nacional ultrapassou no domingo a marca simbólica de 100 (103,9) casos por 100 mil habitantes, o que desencadeia novas restrições ou anulações das flexibilizações decretadas recentemente.

"Estamos na terceira vaga da pandemia, os números estão a aumentar, a percentagem de mutações do vírus é elevada", disse o ministro da Saúde na sexta-feira, numa conferência de imprensa. Spahn apelou aos alemães para que se abstivessem de viajar na primavera para ajudar a conter as infeções.

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