Ministro da educação convidado por Bolsonaro rejeita o cargo

Renato Feder anunciou recusa nas redes sociais depois de o seu nome ter sofrido resistências das ala ideológica, representada pelos filhos do presidente, e evangélica do governo. E a pasta continua sem titular
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Convidado por Jair Bolsonaro na última quinta-feira (dia 2) à noite e anunciado pela imprensa na sexta-feira (dia 3), Renato Feder revelou neste domingo (dia 5) que recusou assumir o ministério da educação do Brasil.

Em causa, as pressões que sofreu nas últimas 48 horas da parte da ala ideológica do governo, representada pelo astrólogo e filósofo Olavo de Carvalho, considerado o guru da nova direita brasileira, e dos filhos do presidente, sobretudo Carlos e Eduardo Bolsonaro. A influente ala evangélica também não aprovara o nome.

Um texto publicado por Feder num livro de 2007 contribuiu para a rejeição. Nele, o secretário da educação do Paraná hoje com 42 anos, defende o financiamento da educação em escolas privadas e questiona a legitimidade do estado para conduzir políticas de ensino.

A proximidade de Feder com João Doria, governador do estado de São Paulo que de aliado de Bolsonaro nas eleições de 2018 passou a seu rival no combate à pandemia em 2020, também foi apontado como mácula no currículo do agora ex-futuro ministro.

"Recebi na noite da última quinta-feira uma ligação do presidente Jair Bolsonaro me convidando para ser ministro da Educação. Fiquei muito honrado com o convite, que coroa o bom trabalho feito por 90 mil profissionais da Educação do Paraná. Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro, por quem tenho grande apreço, mas declino do convite recebido. Sigo com o projeto no Paraná, desejo sorte ao presidente e uma boa gestão no Ministério da Educação", escreveu Feder.

Depois de demitir Ricardo Vélez, em março de 2019, e Abraham Weintraub em junho deste ano, ambos após um conjunto de gafes e erros na condução da educação, Bolsonaro convidou Carlos Decotelli na semana passada. Mas falsidades no seu currículo académico obrigaram-no a demitir-se às vésperas de tomar posse. Agora foi Feder a sair antes mesmo de entrar.

Feder é formado em gestão pela Fundação Getúlio Vargas e tem mestrado em economia pela Universidade de São Paulo. Segundo a secretaria de Educação do Paraná, o secretário tem histórico de dez anos como professor de matemática em escolas e também de diretor de instituições de ensino por oito anos.

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