Ministra da Defesa alemã apontada como sucessora de Juncker, Lagarde na mira para o BCE
Os lideres europeus tentam em Bruxelas desatar o nó para a distribuição dos cargos de topo. Ainda não conseguiram chegar a uma solução. Há um novo plano em cima da mesa. Mas, até agora, nenhum funcionou, e o mais recente, se passar no Conselho, pode cair no Parlamento. Como se viu até agora, nada está garantido.
O nome da ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, é o último a circular como potencial para o cargo de presidente da Comissão Europeia, sucedendo a Jean-Claude Juncker. A informação foi avançada por fontes próximas de duas delegações, não tendo sido possível perceber quem o propôs.
Há informações contraditórias que, no entanto, deixam a iniciativa no eixo franco-alemão, ora atribuindo a ideia ao presidente francês, Emanuel Macron ora à chanceler Alemã, Angela Merkel.
Com a militante do CDU alemão, do círculo restrito de Merkel, na presidência da Comissão Europeia, este plano, ainda muito provisório, deixaria a presidência do Conselho Europeu entregue ao liberal belga, atual primeiro-ministro do governo de gestão, Charles Michel.
A presidência do Parlamento e a Alta Representação para a Política Externa ficaria para a família dos socialistas. Margrethe Vestager entraria para a comissão como vice-presidente e o socialista Holandês, Frans Timmermans acompanharia a liberal dinamarquesa na comissão europeia, como primeiro vice-presidente.
Este plano, tem um problema, que é deixar fora de qualquer cargo, o conservador alemão Manfred Weber, podendo vir a encontrar resistências numa certa ala do Partido Popular Europeu.
No entanto, há a possibilidade de moldar esta proposta, atribuindo meio mandato de presidente do Parlamento Europeu a Weber, ficando a primeira metade para o socialista búlgaro Serguei Stanishev. Os socialistas ficariam ainda com a a alta representação da União Europeia para a Política Externa, com o atual ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, a liderar a diplomacia europeia.
Embora tenha sido reiteradamente dito por vários líderes que a presidência do BCE não estava em discussão, na distribuição dos cargos de topo, França poderá vir a assegurar a presidência da instituição com sede em Frankfurt. Nesse caso, Christine Lagarde deixaria o Fundo Monetário Internacional, e assumirá a liderança do Banco Central Europeu.
Neste momento, tudo continua em aberto, incluindo a possibilidade de qualquer um dos outros modelos de distribuição dos cargos de topo vir a ser reabilitado.
O último modelo de distribuição que foi rejeitado, numa formação da reunião magna, incluiu nomes e cargos. O rascunho que esteve em cima da mesa, garantia a liderança do Socialista Frans Timmermans na Comissão Europeia. Deixava livre a presidência do Conselho para Kristalina Georgieva, membro do PPE, que era apoiada pelo grupo de Visegrado.
Uma fonte diplomática admitiu ao DN que o nome da Búlgara, diretora do Banco Mundial, antiga comissária dos orçamentos, agradaria até a alguns governos socialistas, embora Georgieva nunca tenha sido chefe de um governo. Mas, o argumento é que entre as várias possibilidades, ela tem no currículo, a liderança de uma pasta europeia e o cargo de diretora do Banco Mundial.
Recorde-se que Kristalina Georgieva que deixou o executivo comunitário, em novembro de 2016, para concorrer à liderança das Nações Unidas, perdendo para o português António Guterres.
Se esta distribuição tivesse sido mantida, a Alta Representação da União Europeia para a Política Externa seria entregue ao liberal belga, Charles Michel, tendo estado em cima da mesa um outro arranjo, que colocava Margrethe Vestager, atual comissária da Concorrência, e spitzenkandidat pelos liberais, a assumir a pasta que está agora entregue a Federica Moguerinhi.
A outra possibilidade para Vestager - que já foi proposta pelo governo dinamarquês para continuar como comissária, no próximo mandato - é ser-lhe entregue a primeira vice-presidência da Comissão.
Falta falar do conservador alemão Manfred Weber, candidato do PPE à Comissão Europeia também entra nesta contabilidade, admitindo-se que pudesse vir a assumir a presidência do Parlamento Europeu, durante toda a legislatura. Ou, noutro modelo, partilhando a liderança com o antigo primeiro-ministro belga, Guy Verofstatht -- há muito um aspirante a um cargo de poder na União Europeia.
Este plano foi testado num voto indicativo, mas não passou e não se avançou a partir da rejeição apresentada por vários governos, nomeadamente Hungria, Croácia, Republica Checa e Polónia.
Esta rejeição deixou os líderes "sem um plano", obrigando à suspensão dos trabalhos, numa altura em que todos davam sinais de exaustão.
O primeiro-ministro António Costa considerou até que "tudo correu mal", numa cimeira em que "obviamente, o resultado é muito frustrante, [nomeadamente] a incapacidade do Conselho de tomar decisões e de construir soluções que tenham um apoio maioritário, quer no Conselho quer no Parlamento Europeu".
O primeiro-ministro lamentou que apesar da dedicação de uma parte dos governos não tenha sido possível ultrapassar o impasse, pois "houve, infelizmente, algumas forças que se deixaram capturar, por aqueles que querem dividir a Europa, a partir do grupo de Visegrado ou de posições como Salvini, que limitados por essas pressões acabaram por ser incapazes de sustentar os acordos que foram sucessivamente sendo estabelecidos".