Coletes amarelos causam destruição em Paris. Macron: "Será feita justiça à violência"
Foram cerca de 50 mil pessoas, mas causaram muitos estragos na capital francesa. De tal forma que o primeiro-ministro Emmanuel Macron prometeu que será feita justiça àqueles que usaram de violência extrema nas ruas.
Na rede social Twitter, o governante notou como "mais uma vez, uma extrema violência atacou a República -- os seus guardiões, os seus representantes, os seus símbolos", depois de manifestantes terem tentado forçar a entrada em vários ministérios, em Paris.
"Os que cometem estes atos esquecem o coração do nosso pacto cívico. Justiça será feita", garantiu Macron, apelando a que todos voltem ao caminho de promoção do debate e do diálogo.
O porta-voz do governo francês, Benjamin Griveaux, teve mesmo de ser retirado do ministério, em Paris, depois de o edifício ter sido invadido por manifestantes. Segundo uma testemunha citada pelos jornais Parisien e Le Monde, "por volta das 16.30, cerca de 15 pessoas, algumas vestidas de preto, outras com coletes amarelos, arrombaram a porta do ministério com uma máquina de construção".
Um incidente que foi confirmado pelo próprio Benjamim Griveaux à BFMTV. O porta-voz do governo disse ter saído pelas traseiras do edifício, depois de um grupo de pessoas ter derrubado a porta de entrada com uma retroescavadora que estava na rua. Segundo o mesmo responsável, que qualificou esta situação como "inaceitável", não há feridos a registar, apenas danos materiais, no edifício e em duas viaturas. "Este ministério é o ministério dos franceses e do equilíbrio das instituições. Isto é grave, mas deve ser mantida a calma", afirmou o secretário de Estado Adjunto, falando num ataque "contra a República e as instituições".
E este ataque não foi o único em que foram usadas máquinas para provocar estragos, como se pode ver neste vídeo publicado no twitter do La Plume Libre, em que se vê uma pequena empilhadora a ser usada para partir os vidros de uma agência bancária.
De acordo com números avançados pelo ministro do Interior, Christophe Castaner, à agência France Presse (AFP), as manifestações levaram hoje 50 mil pessoas à rua, em toda a França. Um número superior ao registado na passada semana (32 mil), mas longe dos 282 mil manifestantes que o movimento conseguiu reunir a 17 de novembro, data dos primeiros protestos dos coletes amarelos.
Christophe Castaner desvalorizou os números deste sábado. "Cinquenta mil são um pouco mais do que uma pessoa por comuna em França. Essa é a realidade do movimento dos coletes amarelos, hoje. Pode-se ver que não é um movimento representativo em França", afirmou o governante, condenando os confrontos que se registaram ao longo da tarde.
Em Paris, segundo dados da autarquia, foram detidas 101 pessoas e 103 foram interrogadas pela polícia.
As ruas da capital francesa voltaram a ser palco de momentos de tensão e violência. Depois de a polícia ter feito dispersar centenas de pessoas da zona junto ao museu de Orsay, os manifestantes deslocaram-se para a margem esquerda do rio Sena. Nesse trajeto, ao longo da avenida Saint Germain, eram visíveis chamas, à medida que os manifestantes iam ateando fogo a caixotes do lixo e a veículos. Apesar de estarem no local, os bombeiros tiveram dificuldades em desempenhar as suas funções, porque os manifestantes enchiam a artéria.
Conforme a agência Lusa testemunhou no local, a maioria dos manifestantes era jovem e estava encapuzada. Há muito que deixou de se generalizar que os manifestantes pertencem ao mesmo movimento de contestação - alguns nem fazem questão de usar o colete amarelo e pareciam estar no local para incentivar e participar em escaramuças.
Apesar de o trânsito ter continuado a circular nas ruas de Paris e de as portas dos restaurantes e cafés terem permanecido abertas, o ambiente vivido assemelhou-se novamente a uma "batalha campal", com arremesso de granadas de fumo e very lights (foguetes incendiários). Da parte da polícia, a resposta foi dada por canhões de água.
A contestação não se limitou à capital francesa. Em várias cidades repetiram-se os confrontos entre os manifestantes e a polícia, casos de Ruão, Caen e Nantes. Em Bordéus juntaram-se cerca de 4600 coletes amarelos e há também registo de altercações com as forças policiais.
O governo francês acusou na sexta-feira o movimento dos coletes amarelos de estar a ser instrumentalizado por grupos de agitadores que pretendem derrubar o Executivo.
"Para os que ainda estão mobilizados [o movimento dos coletes amarelos] tornou-se um instrumento nas mãos de agitadores que querem a insurreição e, no fundo, derrubar o Governo", afirmou Benjamin Griveaux, porta-voz do Executivo francês
À saída de uma reunião de Conselho de Ministros, Griveaux reiterou a ideia de que o Governo está "pronto para discutir com pessoas sérias, que não instrumentalizam politicamente as dificuldades dos cidadãos".
O porta-voz do governo francês assegurou que o Presidente da República, Emmanuel Macron, bem como todo o executivo governamental, está empenhado em aplicar as reformas prometidas e em levar o projeto político "até ao fim".
O ministro francês do Interior, Christophe Castaner, chamou hoje "todos à responsabilidade e ao respeito pelo direito", depois de novos incidentes nas manifestações.
Na rede social Twitter, o governante informou que reuniu diversos representantes das forças de segurança para uma videoconferência com autarcas, enquanto se registavam "tensões e violência" na capital francesa. "Chamei todos à responsabilidade e ao respeito pelo direito", afirmou o ministro.