Mil figurantes revivem Portugal de 1500 em Machico

Mil figurantes revivem este fim de semana "Portugal de quinhentos" em Machico, na Madeira, a primeira capitania do reino, iniciativa que, nesta edição, homenageia o Rei D. Manuel I e convida a uma viagem ao passado da cidade.
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"Este ano decidimos fazer uma homenagem a esse Rei, que tinha até uma coutada de caça no Caniçal, que deu alguns presentes a esta terra", explicou à agência Lusa Raquel Esteves, professora de História na escola básica e secundária de Machico, entidade que, com a câmara municipal, organiza o Mercado Quinhentista, cujas portas abriram na sexta-feira.

Segundo a organização, "a benevolência" de D. Manuel I (1469-1521) para com Machico terá sido materializada em doações à igreja matriz, nas quais constam um sino, colunas em mármore ou a imagem da padroeira, mas o monarca ofereceu também os pesos padrão e a esfera armilar para brasão de armas da então vila.

"É uma figura muito importante para a história de Machico e desta região ", continuou Raquel Esteves, camponesa neste mercado, salientando que o Rei nunca esteve em Machico, mas "parece que teve agendada uma vinda".

É essa vinda que o Mercado Quinhentista "Machiquo Villa Manuelina" promove hoje, pelas 16:30, na mesma baía onde atracaram os primeiros navios, sob o mote "D. Manuel I, o Venturoso".

D. Manuel I e a sua corte chegam, com "todas as riquezas" e "novos produtos" para a ilha, na nau de Santa Maria, uma réplica do barco com que Cristóvão Colombo "achou" o Brasil e que, depois de ter atracado na Expo'98, é hoje um dos meios para conhecer a costa sul da ilha da Madeira.

Depois do cortejo de saudação, o rei oferece à sua corte e aos convidados uma ceia com sabores de aquém e além-mar, seguindo-se toadas e galhardas em honra de D. Manuel I.

No domingo, o Mercado Quinhentista, que inclui "cousas de mercar, de manjar, de beber e de folgar", é dedicado à "Corte Portuguesa em Terras de Tristão", que, com João Gonçalves Zarco, descobriu a Madeira, pisando-se, pela primeira vez, terras insulares.

"Nos mercados da época não era só o comprar e o vender (...), trocavam-se os produtos, mas também havia o divertimento, porque as pessoas se encontravam e gostavam de festejar e de dançar, daí também os folguedos, e, claro, as pessoas precisam de comer e de beber ", justificou Raquel Esteves.

Além da animação, que a organização promete ser permanente entre o povo, o clero ou a nobreza e, naturalmente, os milhares de visitantes esperados, o mercado tem um pouco de tudo: do oleiro ao moleiro, das milícias que protegem o rei de piratas aos bufarinheiros esperançados em bons negócios, da tenda dos tecidos à do açúcar, esta para lembrar que Machico foi o primeiro território insular a produzi-lo.

Pela zona do Forte de Machico, onde se desenvolve o mercado, é também possível encontrar o frei Rui, convicto de que vai "ajudar muita alma", o afilhado de D. Manuel I, vendedor de bananas e maçarocas, e um adivinhador do futuro através da leitura das cartas.

Para Machico, garantiu "um futuro algo esplendoroso, com muita animação, muita cultura a decorrer e muita gente de fora a acorrer à vila de Machico".

Se assim for, a nona edição do Mercado Quinhentista está assegurada em 2014.

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