Migrações. Grécia desmente notícia sobre "centro secreto" para deter migrantes

"Não há um centro de detenção secreto na Grécia", garantiu o porta-voz do governo grego, Stelios Petsas, depois de o jornal "The New York Times" avançar com a notícia da existência de um "centro extrajudicial" que seria usado para deter migrantes.
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A Grécia negou esta quarta-feira a notícia avançada pelo jornal The New York Times sobre a existência de um centro de detenção "secreto" na fronteira com a Turquia que seria utilizado para deter migrantes, antes de serem expulsos do país.

Segundo avançou na terça-feira o jornal norte-americano, este "centro extrajudicial é uma das táticas que a Grécia está a utilizar para impedir uma repetição da crise migratória de 2015", depois de a Turquia ter anunciado, no final de fevereiro, que deixaria de impedir os migrantes e refugiados que tentassem alcançar a Europa através das fronteiras do país.

"Não há um centro de detenção secreto na Grécia", declarou esta quarta-feira o porta-voz do Governo grego, Stelios Petsas, numa conferência de imprensa.

"Tudo o que diz respeito à vigilância de fronteiras, ou em relação à segurança, é transparente. A Constituição, a lei grega e os direitos adquiridos europeus estão em vigor", garantiu o representante do executivo helénico.

Stelios Petsas reforçou que "não há nada oculto" no país, afirmando que o jornal norte-americano "está ciente disso".

"Não vejo como um centro de detenção como esse possa permanecer secreto", salientou.

O The New York Times noticiou, na terça-feira, que tinha confirmado, através de imagens de satélite, a existência de um centro de detenção extrajudicial localizado perto da aldeia de Poros, no nordeste da Grécia.

O diário relatou que a descoberta foi feita após ter entrevistado um migrante sírio, reenviado posteriormente para a Turquia, que tinha contado ter ficado detido nesse centro.

Atenas sempre desmentiu o reenvio de migrantes detidos para a Turquia.

Uma fonte do Governo grego garantiu na semana passada que "não existem expulsões".

As autoridades gregas "impedem a entrada, é completamente diferente", assegurou essa mesma fonte, em declarações à agência France-Presse (AFP).

Jornalistas da AFP destacados junto da fronteira grega relataram ter visto militares gregos, encapuzados, a encaminhar migrantes para o interior de veículos militares.

As autoridades gregas não indicam para onde são encaminhados os migrantes detidos

Alguns migrantes também foram encaminhados para carrinhas sem matrícula, de acordo com os testemunhos dos jornalistas da agência noticiosa francesa.

Milhares de migrantes convergiram para a fronteira terrestre grego-turca, junto às margens do rio Evros, quando Ancara anunciou, em 28 de fevereiro, que ia 'abrir as portas' a todos os requerentes de asilo que desejassem chegar à Europa.

Algumas dezenas conseguiram atravessar o rio e entrar em território grego.

Questionado na semana passada sobre o paradeiro dos migrantes interpelados em território grego, o ministro das Migrações, Notis Mitarakis, recusou-se a comentar tal situação.

No terreno, os polícias e os militares têm recusado, de forma sistemática, indicar para onde são encaminhados os migrantes detidos.

Na segunda-feira, as agências internacionais relataram que o exército grego tinha iniciado os trabalhos para a reforçar barreira de arame farpado na fronteira terrestre com Turquia, para impedir futuras entradas.

Perante a concentração de milhares de migrantes junto da fronteira, e para travar a multidão, as forças antimotim gregas chegaram a recorrer ao uso de gás lacrimogéneo.

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