Metal, têxteis e sapatos com exportações a cair. Só os vinhos crescem

Apesar de alguma retoma pós-verão, a maioria das indústrias mantém-se em terreno negativo em novembro. Vinho a caminho de novo máximo histórico
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As indústrias da moda continuam a ser duramente atacadas pela pandemia, com as exportações das fileiras têxtil e do calçado a caírem a dois dígitos. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística mostram que, nos primeiros onze meses do ano, a metalurgia e a metalomecânica continuam, também, em terreno negativo, mas, ao contrário dos setores da moda, de setembro a novembro, o Metal Portugal conseguiu não só manter-se sempre em terreno positivo, como registou três dos cinco melhores meses de sempre nas exportações do setor. A crescer, no mês e no acumulado do ano, estão as exportações de vinho, a caminho de novo recorde anual.

Com 777,5 milhões de euros vendidos ao exterior entre janeiro e novembro, o setor do vinho consolida o caminho para aquele que será o seu quarto ano consecutivo de máximos históricos. E isto apesar das vendas para os países comunitários estarem a cair quase 15% para 335,7 milhões de euros. Em contrapartida, as vendas para países terceiros estão a crescer 25,2% para 421,8 milhões.

Já a metalurgia, a campeã das exportações, está a cair 13,1%, no acumulado do ano, para 15,8 mil milhões de euros. Para a associação do setor, a AIMMAP, estes números mostram que "se está, ainda, a pagar o fortíssimo impacto que a pandemia e as medidas restritivas tiveram ao longo do primeiro semestre".

É que, em novembro, a indústria exportou bens no valor de 2 791 milhões de euros, o que representa um crescimento homólogo de 3,1%. "O que é extraordinário, estando nós em ano de pandemia, e sendo que 2019 tinha sido já um ano extraordinário para as exportações do setor", diz a associação, que destaca o esforço de diversificação das empresas. "É um trabalho notável feito pelo Metal Portugal no sentido de redirecionar as exportações para mercados tidos por "não tradicionais", como o Japão, Turquia, Roménia, Taiwan, Austrália e Coreia do Sul, e que permitiram que no mês de novembro as exportações para países extra União Europeia crescessem 21,4%", destaca Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP.

Já as exportações de têxteis e vestuário caíram 6,8% em novembro, acumulando uma perda de 11,6% no acumulado do ano. No total, foram exportados artigos no valor de 4 286 milhões de euros. O vestuário é o segmento mais castigado, com quebras de 14,4%. Destaque, em sentido contrário, para as exportações de têxteis confecionados (categoria que inclui as máscaras) e de têxteis-lar, que estão a crescer 14%.

A cair 16% estão as vendas de calçado, para um total de 1 398 milhões de euros. Números que não surpreendem, atendendo a que se estima que o consumo mundial de calçado em 2020 tenha regredido cerca de 22%. Só na Europa, a quebra esperada do consumo ronda os 27%.

"2020 foi o ano de todas as dificuldades. A impossibilidade de aceder ao regular contacto com os mercados internacionais, criou muitas limitações às empresas. Depois de um primeiro semestre altamente negativo, começamos a verificar uma recuperação, ainda que muito ligeira na segunda metade do ano", diz o diretor de comunicação da associação do calçado, a APICCAPS. "A capacidade de resposta rápida, em especial a pequenas encomendas, fruto do aumento das vendas online, tem-se revelado o nosso principal argumento competitivo", sublinha Paulo Gonçalves.

Já a cortiça, que na última década aumentou as suas exportações em 50% para mais de mil milhões de euros, abrandou em 2020. Entre janeiro e novembro, as vendas ao exterior caíram 4,7% e ficaram-se pelos 944,3 milhões. Isto apesar do crescimento extracomunitário de 9,3%, mas que não foi suficiente para compensar as perdas de 13,3% na Europa.

Já no caso da cerveja, são as vendas para fora da União Europeia que estão a penalizar os números do setor. No total, as exportações de cerveja estão a cair 1,4% para 121,8 milhões, apesar do crescimento de 12% nas vendas para os países europeus.

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