Portugal pode ter um corte nos Fundos de Coesão entre 10% e 15%

Antigo líder do PSD revela que critérios de distribuição dos fundos mudaram e prejudicam o país.
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Além da redução em 7% nos fundos a distribuir por todos os países da União Europeia, Marques Mendes afirmou na SIC que o "corte" para Portugal pode ser superior à média porque já não é só o PIB per capita que conta para a atribuição das verbas. Haverá, disse o comentador político, três novos critérios e todos nos são desfavoráveis: migrações, alterações climáticas e desemprego.

Estes critérios, que a UE divulgará a 29 de maio, são desfavoráveis a Portugal, segundo Marques Mendes, visto que temos poucos imigrantes, não somos dos mais afetados pelas alterações de clima e o nosso desemprego é baixo. É por isso que concluiu que, se o governo não conseguir inverter a situação, poderemos ter um corte no fundo de Coesão "muito forte", entre 10% e 15%.

Apesar desta "má notícia" para Portugal, o antigo líder social-democrata destacou o facto do comissário português Carlos Moedas ter tido uma "grande vitória" neste novo quadro comunitário de apoio. De um orçamento de 77 milhões para a área da Ciência e Inovação passou para os 100 milhões. "Simplesmente extraordinário", frisou Mendes.

PS faz "cordão sanitário" em torno de Sócrates e Pinho

Marques Mendes dedicou grande parte do seu comentário habitual na SIC à mudança de discurso do PS em relação a José Sócrates, que acabou por se desfiliar do partido. O também conselheiro de Estado concluiu que houve uma estratégia concertada no PS - com as declarações de Carlos César, Fernando Medina, Santos Silva, João Galamba, Ana Catarina Mendes e, no final, o próprio António Costa - para criar um "cordão sanitário" em torno da Sócrates e Pinho.

Na sua opinião, depois do caso Pinho, o PS percebeu que tinha entre mãos uma bomba relógio que podia rebentar a qualquer momento e um potencial enorme de desgaste eleitoral. E foi, disse, a iniciativa de Rui Rio de exigir a audição de Manuel Pinho que "entalou" literalmente António Costa. "Daqui a alguns meses os militantes do PS ainda irão agradecer a Costa esta demarcação", assegurou.

Quanto a José Sócrates, Marques Mendes disse que já devia há bastante tempo ter planeado sair do PS, porque percebeu que não tem nada a perder. E quis demonstrar publicamente o seu descontentamento para, uma vez mais, se vitimizar.

Já o inquérito proposto pelo Bloco de Esquerda às rendas da energia foi uma "manobra de tática política" para subir a parada do desafio lançado por Rui Rio ao requerer a audição do antigo ministro da Economia de José Sócrates. E ajuda a esquerda a tentar entalar o PSD e o CDS mostrando que a questão das rendas começou nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes. Marques Mendes considerou que a comissão poderá ser útil para esclarecer as questões das rendas de energia.

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