Meia maratona parte de Sete Rios
Ontem em declarações ao DN, Carlos Móia, presidente do Maratona Clube de Portugal (que organiza a prova) já admitia essa mudança. Hoje em declarações à TSF confirmou essa decisão.
A alternativa, descreveu Carlos Móia ao DN, será "fazer a viagem ao contrário", com partida na zona de Sete Rios/Jardim Zoológico (junto das estações de metro, comboios e autocarros) e percurso pelo Eixo Norte-Sul (parcialmente cortado) até perto da saída da Ponte 25 de Abril, em Alcântara. A partir daí, a corrida seguiria o trajeto normal - numa alteração que visaria os participantes da Meia e da Mini maratona, mas não a elite da distância mais longa [atletas de topo], que parte de Algés.
Em busca do recorde (de triunfos)
Mesmo sem certezas quanto ao grau de intensidade do mau tempo, parece muito difícil que alguém leve para casa o cheque de 50 mil euros reservado para o homem e/ou mulher que conseguisse bater o recorde mundial de meia maratona em Lisboa. "Não digo que seja impossível, mas será muito difícil que alguém bata o recorde. O vento interfere muito", assume Carlos Móia.
Assim, restará ao eritreu Zersenay Tadese, atual detentor da melhor marca mundial (58.23 minutos, fixada em Lisboa em 2010), lutar por outro recorde: o de triunfos, entre a elite masculina, na prova lisboeta. Vencedor em 2010, 2011 e 2012, o recordista mundial tem tantos títulos como o queniano Martin Lel (2003, 2006 e 2009). "A Meia maratona de Lisboa é uma das minhas provas preferidas. Tenho muito boas recordações das três vezes que a disputei, porque venci-as todas. [Amanhã,] vou seguramente lutar pela vitória", apontou ontem o atleta, na apresentação da corrida.
Pela frente, Zersenay Tadese (que tem 36 anos e cinco títulos mundiais de meia maratona no currículo) espera encontrar "os melhores atletas quenianos" e não só. Entre os inscritos, estão outros oito homens que já correram os 21,097 quilómetros em menos de 1:00.00: os quenianos Sammy Kirwara (58.48 e vencedor da corrida lisboeta em 2016), Stanley Biwot (58.48), James Wangari (59.07), Edwin Kiprop Kiptoo (59.26) e Edwin Kibet Koech (59.54), o eritreu Samuel Tsegay Tesfamriam (59.20), o marroquino Aziz Lahbabi (59.25) e o neozelandês Zane Gordon Robertson (59.47).
Zane - irmão-gémeo do vencedor-surpresa do ano passado, Jake Robertson (ambos emigraram para o Quénia aos 17 anos, para evoluirem num dos principais viveiros de talentos da longa distância) - poderá ser mesmo a única ameaça à histórica hegemonia africana na prova masculina. Entre os concorrentes, está ainda o ugandês Stephen Kiprotich, antigo campeão olímpico (Londres 2012) e mundial (Moscovo 2013) de maratona, mas discreto na distância mais curta (61.15).
Na prova feminina, também deverá prolongar-se a tradição das vitória africanas. A etíope Mare Dibaba (1:07.13), antiga campeã mundial de maratona (Pequim 2015) e 3.ª classificada na distância no Rio 2016, vem defender o título conquistado no ano passado, em cima da meta, sobre a queniana Vivian Cheruyiot. Pela frente, terá, entre outras, as compatriotas Belaynesh Oljira (1:07.27), Helen Bekele Tola (1:09.48) e Senbere Teferi (estreante na distância, mas ex-vice-campeã mundial de 5000 metros), as quenianas Pascalia Chepkorir Kipkoech (1:07.17) e Magdalyne Masai (1:07.31) e a bareinita - de origem etíope - Mimi Belete (1:09.15).
Portugueses: ambição limitada
Em 27 anos de Meia Maratona de Lisboa, só dois portugueses venceram a corrida: Rosa Mota, em 1991, e António Pinto, em 1998. E, 20 anos depois desse histórico triunfo de António Pinto - primeiro atleta a completar os 21,097 quilómetros regulamentares em menos de 1:00.00, com um tempo de 59.43 (em 1993, Sammy Lelei fez 59.24, mas o trajeto tinha 91 metros a menos...) - a ambição é limitada, quanto aos participantes nacionais.
Com os principais atletas lusos de meio-fundo e fundo ausentes (devido à proximidade do campeonato nacional de corta-mato longo, marcado para 18 de março), o contingente português terá como principais figuras os veteranos Luís Feiteira e Yousef El Kalay (no sector masculino) e as experientes Cláudia Pereira, Mónica Silva, Doroteia Peixoto e Vera Nunes (femininos).
Com 35 mil inscritos (incluindo Meia e Mini maratona, ambas com inscrições esgotadas), Carlos Móia destaca o facto de ter aumentado "substancialmente" o número de candidatos à corrida mais longa. Talvez se bata o recorde de participantes (10582), se - também aí - o mau tempo não estragar os planos.