Medina começa mal, Temido com a melhor cotação
Marta Temido é a ministra mais popular e Fernando Medina o único que parte com um saldo negativo para a nova legislatura. A titular da Saúde consegue, aliás, um resultado melhor do que o do governo no seu conjunto.
Temido esteve sempre na linha da frente durante os dois anos mais duros de pandemia e a avaliação dos portugueses é generosa (e muito semelhante à do primeiro-ministro), com um saldo positivo de 30 pontos (diferença entre avaliações positivas e negativas).
Temido tem o beneplácito de todos os segmentos da amostra (geografia, género, idade, classe social e voto partidário), com uma única exceção: os eleitores do Chega. Nesta matéria fica até melhor na fotografia do que o Presidente da República, que também tem saldo negativo entre os comunistas. É particularmente valorizada pelas mulheres, pelos que vivem em Lisboa e quase idolatrada pelos socialistas (72% de avaliações positivas).
No polo oposto deste conjunto de cinco ministros - selecionados a partir da sua relevância política no PS e da importância das suas pastas - está Fernando Medina, o único com saldo negativo (cinco pontos). É em Lisboa (onde foi autarca) que Medina tem mais avaliações positivas, mas também mais notas negativas, com saldo final igualmente negativo (três pontos). Consegue chegar a uma média positiva entre as mulheres (mais generosas para todos os ministros do que os homens) e entre os mais velhos.
Com saldo amplamente positivo (19 pontos) está Mariana Vieira da Silva, a número dois do governo. A exemplo de outros colegas, a ministra da Presidência tem uma popularidade substancialmente maior entre as mulheres e os mais velhos e é tão valorizada pelos eleitores do PS como pelos do BE, em termos de avaliações positivas. Nota-se que ainda tem problemas de notoriedade (um quinto dos inquiridos não tem opinião).
Apontado há muito como um eventual sucessor de António Costa, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, consegue à justa um saldo positivo de escassos dois pontos, sendo que só é assim graças ao peso da avaliação das mulheres.
Quando se analisam os segmentos por voto partidário, fica uma linha fraturante mais clara do que nos restantes: o saldo é positivo no PS e em toda a esquerda parlamentar e negativo em toda a direita, com destaque para o Chega e os liberais. Tem um problema de falta de notoriedade semelhante ao da ministra da Presidência.
Nesta matéria da notoriedade quem está pior, no entanto, é José Luís Carneiro. Um quarto dos inquiridos não se pronuncia e uma fatia de 42% refugia-se no "nem bem, nem mal" quando é confrontada com a avaliação ao ministro da Administração Interna.
Parlamento renovado, a mesma conclusão de sempre: nota negativa para a Oposição. Mas há uma novidade: André Ventura é, nesta altura, quem tem mais "votos" como líder da Oposição ao Governo. O vazio de Poder no PSD ajuda a explicar a situação. Rui Rio está de saída, mas ainda não tem substituto nos sociais-democratas. E ainda falta mais de um mês para que os militantes sejam chamados a fazer a sua escolha. Ventura vence em quase todos os segmentos geográficos, de género, de idade e de classe social. A única exceção é a Região Norte, onde o mais apontado é Rio. No caso dos segmentos por voto partidário, a situação é diferente. Sendo que os eleitores do PSD apontam, também eles, Ventura como líder da Oposição, enquanto os do PS ainda percecionam Rui Rio como o principal rival. Cotrim de Figueiredo (liberais), Catarina Martins (BE) e Jerónimo de Sousa (PCP) vencem entre os seus eleitores (os dois primeiros por escassa margem).
FICHA TÉCNICA DA SONDAGEM
A sondagem foi realizada pela Aximage para o DN, JN e TSF, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade política.
O trabalho de campo decorreu entre os dias 12 e 18 de abril de 2022 e foram recolhidas 807 entrevistas entre maiores de 18 anos residentes em Portugal.
Foi feita uma amostragem por quotas, obtida através de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género, grupo etário e escolaridade. Para uma amostra probabilística com 807 entrevistas, o desvio padrão máximo de uma proporção é 0,017 (ou seja, uma "margem de erro" - a 95% - de 3,45%).
Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem, Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.