Medina atacado com tinta verde na Faculdade de Direito de Lisboa

O ministro das Finanças foi atacado com tinta verde quando discursava na Faculdade de Direito de Lisboa. "Há outras maneiras de luta ou de proposta, crítica", considera o Presidente da República.
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O ministro das Finanças, Fernando Medina, foi esta sexta-feira atacado com tinta verde lançada por uma ativista da Greve Climática Estudantil. Tudo aconteceu quando discursava na Faculdade de Direito de Lisboa, numa sessão de apresentação do Orçamento de Estado para 2024.

"Pelo menos sei que tenho uma apoiante relativamente à subida do IUC", disse Medina, depois do ataque.

Durante a ação, a ativista gritou "sem futuro não há paz", tendo sido depois retirada da sala.

"Este foi mais um protesto contra a 'recusa do governo em fazer a transição justa que garante que temos um futuro"', refere a porta-voz da Greve Climática Estudantil, Beatriz Xavier, em comunicado, sobre o ataque com tinta que interrompeu o discurso de Medina na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Os alarmes de incêndio da faculdade também foram ativados, afirmam os jovens ativistas.

Depois de ter sido atingido, o ministro das Finanças prosseguiu com o discurso, com a roupa salpicada de tinta verde.

"Dissemos que não há paz até ao Último Inverno de Gás, e o orçamento não contempla um plano de como vamos parar de usar o gás fóssil", refere a porta-voz do grupo de ativistas . "Este é um passo essencial para nos mantermos dentro dos limites ditados pela ciência. Não é negociável, é uma necessidade existencial, sublinha.

No comunicado, os estudantes dizem que estão a "organizar várias ações em que prometem que 'Não há paz até ao Último Inverno de Gás', ou seja, que não vão dar paz ao governo até que ele lhes garanta o fim aos combustíveis fósseis até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, garantindo que este é o último inverno em que gás metano é utilizado para produzir eletricidade".

Beatriz Xavier diz ainda que "o governo continua a dar pequenos passos como se tivéssemos décadas para realizar a transição energética, temos até 2030".

"Este orçamento é o espelho deste governo: negacionista e criminoso. Estamos em plena crise climática, como é possível o principal foco deste orçamento não ser uma transição justa para energias renováveis? Isto é um crime contra o nosso futuro e a nossa vida", destaca Beatriz Xavier.

No comunicado do grupo Greve Climática Estudantil, os estudantes prometem uma nova "onda de ações" no dia 13 de novembro, que implica "parar escolas e instituições".

Anunciam ainda que no decorrer desta nova onda de protestos, no "dia 24, vão ocupar o Ministério do Ambiente, que segundo a porta-voz dos ativistas, "representa a inação geral do nosso governo em lidar com esta crise".

"Vamos mostrar que se o governo se recusa a garantir o nosso futuro, o vamos tomar pelas nossas próprias mãos", assegura Beatriz Xavier.

Numa reação ao protesto que visou o ministro das Finanças, o Presidente da República enumerou o que Portugal tem feito sobre o fim de dependências energéticas do passado e afirmou que se trata de "uma crítica verdadeiramente, no caso português, pouco efetiva". "E a repetição retira o efeito surpresa", considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa repetiu que a crítica que é feita por estes ativistas neste tipo de protestos "não é efetiva". "Há outras maneiras de luta ou de proposta, crítica a fazer", acrescenta o chefe de Estado.

No mês passado, a 26 de setembro, também o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, foi atacado com tinta verde por ativistas do clima. Na altura, a ação de protesto foi reivindicada pelo grupo de estudantes "Primavera das Ocupas - Fim ao Fóssil" nas redes sociais.

Veja aqui os vídeos:

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