Medina apela ao voto, Moedas fala para os indecisos

Os candidatos à presidência da Câmara de Lisboa, sobretudo Fernando Medina e Carlos Moedas, aproveitaram o último dia de campanha para apelar ao voto e lembrar promessas eleitorais.
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No último dia da campanha eleitoral para as eleições autárquicas, o secretário-geral do PS advertiu que um triunfo nas eleições deste domingo da coligação liderada pelo PS em Lisboa é "fundamental" para dar continuidade às mais importantes políticas nacionais, como a habitação e os transportes.

Esta posição foi transmitida por António Costa no final da tradicional descida do Chiado, em que acompanhou o dirigente socialista e recandidato ao cargo de presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

Após cerca de 40 minutos de uma arruada debaixo de um sol forte, que partiu, como sempre, da Praça Camões e passou pela rua do Carmo, António Costa, já na rua Augusta, subiu a um palco improvisado e dirigiu breves palavras a algumas centenas de apoiantes socialistas e do Livre. Um discurso em que procurou destacar aquilo que está em causa nas eleições de domingo.

"É fundamental uma grande vitória de Fernando Medina e da coligação no próximo domingo. Lisboa é fundamental para termos sucesso nas grandes prioridades das políticas definidas, a começar por mais habitação acessível", declarou o líder socialista. António Costa observou que o desafio da habitação "é nacional, mas em que a capital do país é absolutamente essencial", disse.

O candidato socialista replicou o apelo de Costa, a tentar contrariar qualquer tendência de abstenção ou fé na vitória: "Não se iludam com as sondagens. Não há nenhuma eleição ganha à partida", disse. "Nenhuma sondagem vota", disse.

"Não vale a pena acenarem com o papão de que há maiorias absolutas na calha. Só o PS com o Livre, com os movimentos da cidade e as centenas de independente, podemos continuar este caminho", defendeu ainda.

A tradicional descida do Chiado no último de campanha eleitoral também foi feita por Carlos Moedas, que à SIC-Notícias falou das sondagens e não no tom crítico do líder do PSD que as tinha dito "serem encomendadas". "Não, as sondagens são o que são e o que mostram é que há muitos indecisos, as pessoas estão cansadas da política. Eu sou diferente, sou transparente, as pessoas estão ansiosas por um político diferente e acho que sou um político diferente".

Moedas desvalorizou a ausência de Rio no dia final, mas fala de uma "dinâmica" crescente na sua candidatura. "Todas estas pessoas ajudaram tanto, que faço esta arruada no Chiado também por elas".

A candidata do Bloco de Esquerda, Beatriz Gomes Dias, afirmou nesta reta final da campanha que tem sido bastante acarinhada, isto no Mercado da Ribeira onde disse que os comerciantes reconheceram ter sido a intervenção do seu partido a resolver algumas situações de apoio durante a pandemia.

"Tem sido assim em vários sítios", disse esta sexta-feira aos jornalistas no final da visita ao Mercado da Ribeira, no Cais do Sodré, onde foi acarinhada pelos comerciantes locais que reconheceram ter sido a intervenção do Bloco de Esquerda a desbloquear algumas situações de apoio durante a pandemia.

Teresa e Carla revelaram à comitiva que agora o "Bloco já não é o Bloco, são aliados, uns amigos", o mesmo sentimento de Ermelinda Neves que guiou a candidata pelo mercado, apresentando aos companheiros de banca o rosto que concorre à Câmara de Lisboa.

Beatriz Gomes Dias explicou ainda que os comerciantes, à semelhança de em outros mercados, apontaram como maiores dificuldades o estacionamento, quer para quem trabalha no mercado, quer para quem o visita, além de questões pontuais, como o elevador ou a insegurança, recentemente resolvida com mais policiamento municipal.

"Soubemos também o impacto da pandemia nos comerciantes e as soluções que foram difíceis de poder chegar, muitas com alguma discricionariedade numa primeira fase, pois algumas pessoas trabalhavam e não eram residentes em Lisboa, mas depois foi sendo ultrapassado", exemplificou a candidata.

À passagem da comitiva e reconhecendo as bandeiras roxas, vermelhas e amarelas do partido, Benilde, peixeira de 82 anos, perguntou "é o Bloco da Catarina Martins não é?", ao que a candidata responde prontamente: "é sim senhora".

Beatriz Gomes Dias reconheceu ter tido "bastante apoio" à medida que a campanha foi avançando, confessando que os últimos 15 dias têm sido "extremamente entusiasmantes".

"Temos estado na rua sempre acompanhadas pelos militantes e pessoas [candidatos] das freguesias. [O apoio] tem vindo a crescer. Na primeira semana, sentia-me, não é tímida, mas não estava tão à vontade. À medida que foi decorrendo fui ficando mais à vontade e as pessoas tratam-me com imensa cordialidade, tem sido muito entusiasmante", sublinhou a candidata.

Beatriz Gomes Dias referiu estar "ansiosa" para que chegue domingo "para saber o resultado" que o partido vai ter. "As pessoas conhecem o Bloco porque o trabalho que fizemos nos últimos quatro anos, como se viu aqui, foi extremamente importante. Estabelecemos uma relação com as pessoas, foi possível responder ou resolver problemas concretos", frisou.

E reconheceu: "Esse legado suporta-me. As pessoas reconhecem o trabalho que o Bloco fez, começam a conhecer-me e associar a minha candidatura a uma continuidade do que foi feito".

Como expectativa, Beatriz Gomes Dias mostrou-se confiante em reforçar a votação, justificando que tal "será muito importante para a cidade", permitindo reforçar o trabalho já desenvolvido e, de novo, estabelecer um acordo programático com o PS, "se este ganhar sem maioria".

"Eu serei eleita vereadora e o meu compromisso com as pessoas é continuar o trabalho que nós fizemos", assegurou.

Beatriz Gomes Dias fez ainda passagem pela "greve climática", o protesto estudantil que sai à rua às sextas-feiras durante o ano letivo, frisando a necessidade de "responder às alterações climáticas que não são uma fantasia ou ficção que está a ser criada".

A candidata do PAN à presidência da Câmara de Lisboa, Manuela Gonzaga, disse hoje que a cidade, como o país, "não tem política ambiental" e considerou que o partido "semeou futuro" na campanha das autárquicas, que termina esta sexta-feira.

"Semeámos muito futuro. Não implica necessariamente que esse futuro colha os frutos imediatos, mas não é por isso que estamos aqui. Já criámos plataformas em que as pessoas sabem que nós ouvimos todo o tipo de pessoas. (...) Conseguimos chegar a muita gente e, sobretudo, conseguimos ouvir muita gente que deveria ser ouvida. Eu saio desta campanha de coração cheio", garantiu Manuela Gonzaga, em declarações à Lusa.

Manuela Gonzaga começou o último dia da campanha das eleições autárquicas do próximo domingo na "greve climática", o protesto estudantil que sai à rua às sextas-feiras durante o ano letivo e que hoje mobilizou pelo menos mais dois candidatos à autarquia de Lisboa (Beatriz Gomes Dias, do BE, e Tiago Matos Gomes, do Volt), além de representantes de outras forças políticas, como o Livre e o MAS.

O candidato do Volt Portugal à presidência da Câmara de Lisboa, Tiago Matos Gomes, disse que a defesa do ambiente é um dos pilares do partido, que pela primeira vez concorre a eleições, nas autárquicas do próximo domingo.

"Um dos pilares do partido é a defesa do ambiente e construirmos uma sociedade amiga do ambiente, que vá tentar, de alguma forma, minimizar aquilo que são as alterações climáticas, seja a nível local, seja a nível nacional, seja a nível europeu", disse à Lusa Tiago Matos Gomes, no topo do Parque Eduardo VII, em Lisboa, onde hoje um grupo do Volt se juntou à "greve climática", o movimento estudantil que se manifesta em defesa de políticas ambientais.

Para Tiago Matos Gomes, "a Câmara de Lisboa não está ainda a fazer o suficiente" para mitigar os efeitos das alterações climáticas e do aumento das temperaturas.

"Consideramos que Lisboa não se preparou para o aumento massivo de turismo e não podemos agora, mais uma vez, não estar preparados para o que aí vem", afirmou.

Entre as propostas do Volt para Lisboa estão a criação de "um sistema de corredores verdes" que liguem os parques e jardins da cidade "através de ruas arborizadas e ajardinadas" e a criação de um segundo parque florestal, nos terrenos ocupados atualmente pelo aeroporto de Lisboa, disse o candidato do Volt a presidir à Câmara de Lisboa, que encontrou nesta "greve climática" outros candidatos ao cargo, como Manuela Gonzaga (PAN) e Beatriz Gomes Dias (BE).

Este "segundo pulmão de Lisboa", a par de Monsanto, é uma proposta que "não é para já", realçou Tiago Matos Gomes, que explicou que o Volt Portugal defende a opção de um novo aeroporto em Alcochete, com uma terceira travessia do Tejo para a ligação a Lisboa, e depois, então, o desmantelamento progressivo do atual aeroporto da cidade, com os terrenos a serem ocupados por um novo parque florestal.

Neste último dia de campanha, a candidatura a Lisboa do Volt vai fazer ainda uma arruada entre o Campo Pequeno e a Praça do Município, onde o partido fará os discursos de encerramento. O dia terminará com a projeção do vídeo de campanha no Largo Camões.

Tiago Matos Gomes disse que a "recetividade das pessoas na rua" ao Volt "foi fantástica" e que no domingo saberá se isso se reflete em votos, mas congratulou-se por hoje "boa parte da população" saber "que o Volt existe" e "o que é o Volt". "Isso é muito bom para nós, para um partido que surgiu há cerca de um ano", considerou.

O partido nacionalista Ergue-te faz um balanço positivo da campanha para as autárquicas de domingo, considerando que conseguiu içar "a bandeira" da identidade nacional nas três cidades onde concorre, Lisboa, Porto e Arouca.

Em declarações à Lusa, via telefone, o candidato do partido à presidência da Câmara de Lisboa avaliou que "a campanha correu bem, dentro das expectativas" e "dentro das limitações", sublinhando que os militantes do partido trabalham e "ninguém vive da política".

Manifestando "orgulho" nos militantes e candidatos, João Patrocínio reclama que o Ergue-te é "o único partido antissistema".

Ao longo da campanha foi sendo necessário lembrar aos cidadãos a quem se dirigiam que o Ergue-te "é o antigo PNR", partido nacionalista de extrema-direita fundado em abril de 2000 e que, em 2020, mudou de nome. "A mudança foi há relativamente pouco tempo. Não mudámos nada em termos da linha programática", vinca Patrocínio.

"Como partido nacionalista que existe há 20 anos, é sempre um bom resultado ainda conseguirmos que os portugueses nos ouçam (...), depois votam em nós ou não (...). Para nós, é sempre uma vitória concorrer em qualquer eleição", sublinha.

As candidaturas em Lisboa, Porto e Arouca tiveram em comum "a bandeira" da proteção da identidade nacional, a que se associou, nas duas principais cidades do país, "o combate ao multiculturalismo".

Em todas, "é necessária mais ação social para apoiar mais as pessoas", destaca o candidato à autarquia da capital.

O Somos Todos Lisboa juntou-se ao movimento independente que se candidata à junta de freguesia do Beato, na certeza de que "os independentes unidos terão mais força".

Na penúltima ação de campanha (antes da arruada final na zona do Chiado), Ossanda Liber, candidata do movimento Somos Todos Lisboa à Câmara Municipal da capital, juntou-se ao movimento Novo Beato, para uma arruada nesta freguesia.

As bandeirolas do Somos Todos Lisboa juntaram-se aos cartazes artesanais do Novo Beato e as vozes uniram-se pelas ruas da freguesia, auxiliadas por uma coluna com microfone e rodinhas, que lhes aumentou o volume.

"Sendo [nós] um movimento independente, somos muito sensíveis às outras iniciativas do género. É um grupo bastante jovem, com muita vontade de fazer acontecer as coisas. Acreditamos neles", apoiou Ossanda Liber, elogiando "a ousadia" da candidatura Novo Beato.

Esta freguesia na zona oriental de Lisboa -- apontou -- "tem um potencial de desenvolvimento enorme", mas "parece que está um bocado embargada".

Concorrem à presidência da Câmara de Lisboa o atual presidente, Fernando Medina (coligação PS/Livre), Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (PCP), Beatriz Gomes Dias (BE), Manuela Gonzaga (PAN), Bruno Horta Soares (IL), Nuno Graciano (Chega), Tiago Matos Gomes (Volt), Bruno Fialho (PDR), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!) e Ossanda Líber (movimento Somos Todos Lisboa) e João Patrício.

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