Mário Centeno: "Não é tempo de pensar na fatura"
Mário Centeno diz que agora ainda "não é tempo de pensar na fatura" da pandemia de covid-19. Em entrevista à RTP3, o ministro das Finanças afirmou que estamos ainda em fase de combater a crise sanitária e "devemos estar orgulhosos da forma como o fizemos, uma ação coletiva, de todos".
O ministro sublinhou o grande número de empresas que recorreram ao lay-off, que serviu de "grande almofada de proteção ao emprego". Apesar disso, "há números que vão fugindo a essas almofadas, como os do desemprego". O número de pessoas registadas nos centros de emprego aumentou em 75 mil face a abril do ano passado.
Centeno prevê que o PIB possa cair entre 3 e 4 pontos percentuais face à trajetória prevista anteriormente à crise, com uma quebra económica em tornos dos 15 mil milhões de euros em 2020.
O responsável pelas contas públicas sublinhou que não existe ainda "muita informação sobre a atividade económica em abril", mas que as perdas variarão muito de setor para setor, com quebras superiores a 40% no comércio e retalho e 10% no setor financeiro.
Prevê, no entanto, um terceiro trimestre de "forte recuperação e o quarto trimestre de algum abrandamento. E avança que apenas em 2022 se recuperará os níveis de 2019.
A crise, diz, "dada a sua incerteza, terá de ser vivida mês a mês".
Mário Centeno diz que o país se preparou nos últimos quatro anos, e considera uma "infelicidade termos perdido em dois meses tudo o que conseguimos em quatro anos".
A boa notícia, considera o governante, é que "os mercados têm colocado Portugal numa posição não muito diferente de 2019, não fomos sinalizados no mercado como um problema", e recorda que houve um "reforço em todos os leilões de divida pública, sem nenhuma dificuldade de colocação".
O plano e gestão da dívida vão manter-se, adianta, e "os mercados entenderam que será uma necessidade temporária". Centeno lembra que em relação à evolução da economia e das contas públicas este ano, os "números não têm em conta o que se prevê seja a resposta europeia".
Mário Centeno está confiante num acordo europeu, nomeadamente em torno de um "fundo de recuperação", sendo ele "um misto de financiamento nos mercados e transferências, subvenções".