O caso de Marina Joyce não encontra paralelo na história mais recente do mundo cibernético. O nome da jovem, uma mera desconhecida até ao início desta semana, tornou-se quase, de um momento para o outro, o assunto mais comentado nas redes sociais. E tudo porque os seus fãs acreditaram, mesmo que por algumas horas, que a youtuber britânica de 19 anos teria sido sequestrada pelo namorado, que seria obrigada a fazer vídeos e a publicá-los online, que estaria acorrentada e que sussurrava "ajudem-me" entre ataques de tosse que seriam tudo menos espontâneos..Pior: que estaria sob ameaça do Estado Islâmico e seria este a controlar os seus passos. Quando anunciou, no dia 26, um megaencontro consigo no Bethnal Green da capital britânica, surgiram rumores de que este seria o cenário para o ISIS levar a cabo um atentado..O caso tomou tais proporções - a hashtag #savemarinajoyce (salvem Marina Joyce) foi tendência mundial, e até neste caso há quem diga que foi a própria quem a criou - que a polícia de Enfield, em Londres, teve de intervir. "Os nossos agentes visitaram a youtuber Marina Joyce. Ela está sã e a salvo", escreveram no Twitter. Mais tarde, a própria utilizou o canal no YouTube, que alimenta com conselhos sobre moda e comportamento, para reforçar a mensagem. Chegou a dar uma entrevista ao jornal The Sun, em que afirmou estar bem e elogiou a postura de quem a segue. "Estou bem. Por aqui não há terroristas. As pessoas importam-se verdadeiramente comigo. Foi incrível o que os meus fãs fizeram. Ajudaram muito o meu canal", referiu..E aqui reside um segundo problema: É que além dos que manifestaram preocupação com Joyce, existem os outros, aqueles que acusam a jovem de ter inventado todo um esquema para conseguir mais seguidores. Teorias da conspiração à parte, a verdade é que o número de subscritores aumentou: tem atualmente 1,4 milhões de pessoas a acompanhar os seus vídeos e mais de 43 milhões de visualizações..Ontem, a mãe de Marina veio a público explicar que a filha não está sequestrada, que a espingarda que se vê num dos vídeos "é de brincadeira", que as nódoas negras são normais "porque todos nos magoamos com facilidade" e que não existe um "relacionamento abusivo" nem "esquizofrenia ou envolvimento com drogas", como também foi avançado. "Ela é apenas uma rapariga, eu sou uma boa mãe e só quero o seu bem. A Marina está a fazer as coisas da forma que acha melhor e está bem", disse Cheryl Joyce ao Mail Online..Para finalizar, quis tranquilizar também quem a acusa de se ter elaborado todo este esquema para conseguir publicidade gratuita para o seu canal: "Não se trata disso. A polícia veio aqui e, agora, as coisas estão esclarecidas. Nós somos uma família discreta e isto transformou-se num frenesi.".Ainda assim, há quem não esteja completamente convencido. Continuamos com uma pulguinha bem insistente atrás da orelha", lê-se na internet.