Marcelo quer acordo "muito vasto" na concertação social

Formação profissional, política fiscal e salarial devem ser analisadas pelos parceiros sociais. É "pobre" falar só no salário mínimo
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O Presidente da República defendeu ontem que é "pobre" centrar um eventual acordo na concertação social na discussão do salário mínimo nacional, apontando a necessidade de não perder de vista um entendimento "muito vasto".

Para Marcelo Rebelo de Sousa - entrevistado aos microfones da TSF pelos diretores do DN e da TSF, durante a inauguração das novas instalações do seu grupo proprietário, Global Media - é pouco ficar-se por essa questão. "O ideal para o acordo de médio prazo é que haja um pacote muito vasto de questões a ser examinado, que vão desde a formação profissional à política de rendimentos, política fiscal e salarial, e por aí adiante", apontou o Chefe do Estado.

Questionado sobre a discussão em torno do possível aumento do salário mínimo nacional, Marcelo formulou a sua profissão de fé nos acordos em sede de concertação social. "Sou um grande defensor de um acordo de concertação social, uma predisposição para haver acordos em concertação social. A primeira razão é para garantir a força dos parceiros económicos e sociais."

Mais: para o Presidente da República, a "estabilidade política e financeira não é por si suficiente se não [forem] acompanhadas de uma estabilidade social". E Marcelo insistiria na necessidade de um pacote mais vasto, que vá para lá da "gestão do dia a dia, a gestão do mês a mês", e tenha lugar num quadro de "gestão a médio prazo". "Avançando com questões de curtíssimo prazo" na concertação social, acaba por se perder a "perspetiva de discutir o médio prazo". É "útil" para todos, sentenciou o Presidente.

Sobre a Caixa, Marcelo voltou a lamentar o tempo perdido com questões acessórias, classificando de "algum ruído" a polémica em torno da entrega de declarações de rendimentos e património pela administração anterior, que apagou o "fundamental". E esse fundamental, "o mais difícil e mais importante", sublinhou o Presidente, foi aquilo que se conseguiu junto de Bruxelas e Frankfurt: a recapitalização do banco público.

"Acho que é importante que os portugueses vão percebendo o esforço muito grande que se está a fazer para dar vida a uma instituição que seja nacional, pública e forte", apontaria depois. E admitiu que "explicar uma questão tão técnica" como a recapitalização "não é fácil".

Num regresso aos seus primeiros tempos de comentador, aos microfones da TSF, em que o professor dava notas aos políticos, o Presidente da República foi convidado a classificar o país "de 0 a 20". E Marcelo reconheceu que, "depois de um ano que se temia muito, muito complicado", Portugal "nalgumas das suas facetas" é um excelente aluno. "Como a projeção internacional, está em 19, com a eleição de António Guterres e com o prestígio de Portugal no mundo", explicou.

"Em matéria de cumprimento dos compromissos europeus, estamos ali nos 15 valores, o que é uma boa classificação, vamos cumprindo para além das expectativas." Só "em termos de saída da crise, e do quadro social, e das repercussões da crise, a nota é talvez menor porque há custos sociais que duram para além dos anos da crise." Ou seja, "estaremos no suficiente - podemos discutir se é 11, se é 12, se é 13, há áreas em que estaremos mais no 13, outras no 12, outras no 11."

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